Dentre alferes e mágicos : a forma sátira em contos de Machado de Assis e Murilo Rubião

Abstract

Machado de Assis (1839 – 1908) e Murilo Rubião (1916 – 1991) são dois autores que apresentam, aparentemente, produções literárias com características bem diversas entre si. No entanto, analisando-as a partir do conceito de sistema literário, proposto pelo crítico Antonio Candido (1918 – 2007), e considerando que escreveram o Brasil, respectivamente, do século XIX e do século XX, observa-se que Murilo Rubião foi um continuador de Machado de Assis no que se refere ao uso de alguns elementos, dentre os quais destacamos a sátira como método criador. Assim, este trabalho pretende tecer considerações acerca das nuances que a forma sátira assume na produção de contos dos dois autores, especialmente a partir da análise de “Ideias de Canário”, “O espelho” e “Anedota Pecuniária”, de Machado de Assis, além de “Teleco, o coelhinho”, “O ex-mágico da Taberna Minhota e “Memórias do Contabilista Pedro Inácio”, de Murilo Rubião. Partindo da discussão proposta pelo filósofo húngaro György Lukács (1885 – 1971) em “A questão da sátira”, a tese irá analisar de que modo o aspecto fantástico, o formato do conto e a saturação de situações cotidianas se articulam nas narrativas a fim de engendrar a elaboração satírica comum aos dois autores.