Eugenia e higienismo na educação em Ciências

Abstract

Este trabalho tem como foco o estudo dos entrelaçamentos dos ideários eugenistas e higienista com a educação brasileira. Destaco neste texto que da minha prática docente emergiram questões sobre como algumas práticas surgiram e ainda persistem no cotidiano escolar. Percebendo as ligações entre esses ideários e a formação da educação, em especial a escola pública brasileira, procurei pesquisar, analisar e entender mais sobre o tema, e assim cheguei a seguinte questão: os ideários eugenistas e higienistas ainda se fazem presentes nas dinâmicas educacionais atuais? Essa questão me levou a outros dois questionamentos que estruturam essa pesquisa: 1 - A estrutura social brasileira alicerçou e alicerça a entrada de teorias científicas como essas nos diversos campos do conhecimento? 2 – Como Permanece as práticas eugenistas e higienistas na educação brasileira? A fim de investigar essas questões, realizamos uma pesquisa bibliográfica de autoras e autores que tratam do tema, como: Antunes (2012), Bonfim (2017), Faggion e Boarini (2018), Gebrim (2002), Goés (2015), Mansanera e Silva (2000), Stepan (2005) e Souza (2016). Buscando responder os questionamentos que surgiram, optou-se pelo referencial teórico-filosófico e metodológico da literatura marxista, utilizando o percurso metodológico do Materialismo Histórico Dialético, nos apoiamos em categorias como Estado, Ideologia, luta de classes e contradição, para analisar e discutir as relações existentes entre esses ideários e a educação brasileira. Explicitamos as intrínsecas relações entre a difusão dos ideários eugenistas e higienistas e o espalhamento das ideias liberais no Brasil, procuramos destacar que esses ideários tem origem na materialidade do tecido social brasileiro do início do século XX e que o Estado brasileiro atuou em favor da eugenia e do higienismo, buscando mitigar as contradições existentes à época. Também mostramos como a abordagem educacional fundamentada na eugenia e higiene mental deu embasamento para a parte das estruturas do sistema escolar, seleção de conteúdos, organização das instituições de ensino e formação de professores o que contribuiu e ainda contribui para a marginalização de grupos sociais específicos como a população negra, deficientes e pobres no Brasil. Afim de compreender as dimensões das relações existentes entre a Educação/Ensino de Ciências e os ideários eugenistas e higienistas na produção acadêmica brasileira e de como o percurso metodológico do Materialismo Histórico Dialético é utilizado nessas produções, consultamos o banco da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, e realizamos uma revisão de literatura ancorada em três refinamentos que constataram uma lacuna na utilização do referencial teórico metodológico marxista para uma análise dessa temática.