Roteiro de implementação de uma horta sintrópica para o ensino de botânica

Abstract

A Botânica é a ciência que estuda as plantas. No entanto, apesar da importância desses seres fotossintetizantes para a vida na Terra, é considerada uma área monótona da Biologia, abordada com excesso de nomenclatura e memorização, bem como o uso de imagens não relacionadas ao cotidiano dos estudantes e, por isso, não desperta o devido interesse na maioria dos discentes da Educação Básica. Com o objetivo de tornar o ensino das plantas mais atrativo, investigativo e melhor contextualizado para os alunos do Ensino Médio, foi elaborado um roteiro de implementação de uma Horta Agroflorestal fundamentada nos princípios da Agricultura Sintrópica para o aprendizado de Botânica. Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) são formas de cultivo que buscam reproduzir os ecossistemas naturais por meio do plantio de espécies variadas, imitar os processos naturais de sucessão e estratificação ecológica, além de ter a preocupação de manter o solo coberto com matéria orgânica. Nesse sistema, criou-se uma horta na qual foram cultivados três canteiros, realizando um consórcio de hortaliças, frutíferas e plantas ornamentais escolhidas pelos estudantes. Essa iniciativa foi utilizada para restaurar um espaço improdutivo e sem destinação, transformando-o numa relevante ferramenta pedagógica capaz de enriquecer as aulas de Botânica. Nesse ambiente, foram desenvolvidas atividades investigativas para ensinar características evolutivas, morfologia e fisiologia das plantas, utilizando exemplos vivos e inseridos no seu ecossistema. O projeto transcorreu no Centro de Ensino Médio Ave Branca (CEMAB) em Taguatinga-DF para alunos do 1º e 2º ano do Novo Ensino Médio no primeiro semestre de 2023. A metodologia foi dividida nas seguintes etapas: o planejamento, a partir da análise da área e do levantamento das necessidades para implementação do sistema; a montagem, abrangendo a preparação do solo, a escolha e o plantio das espécies selecionadas; a manutenção com o acompanhamento do crescimento das plantas e a solução de problemas que surgiram ao longo do período de observação; e a coleta e a sistematização do conhecimento com aplicação de atividades desenvolvidas após a construção da Horta escolar. Essa é uma pesquisa qualitativa em educação e a análise de conteúdo foi fundamentada na Minayo. Os resultados obtidos foram satisfatórios, pois, apesar das limitações de implementação da horta, os estudantes se mostraram motivados em todas as etapas do projeto. Foram desenvolvidas várias habilidades, como a capacidade de observação, de resolver problemas e de tomar decisões. A possibilidade de trabalhar com as estruturas vegetais vivas de forma contextualizada propicia tornar esse conteúdo mais atrativo, passando a fazer mais sentido para os estudantes, porque permite a observação dos processos fisiológicos, morfológicos e ecológicos em ação. Prova disso foi o resultado da aplicação de um questionário avaliativo contendo perguntas objetivas e subjetivas no qual os estudantes demonstraram que, efetivamente, aprenderam os conteúdos formais de Botânica em relação ao Ensino Médio. Concluiu-se que a horta é uma ferramenta pedagógica fundamental para trabalhar os conteúdos de Botânica de maneira contextualizada, multidisciplinar, atrativa e dinâmica, pois contém uma variedade de plantas, permitindo explorar sua diversidade morfológica e fisiológica de forma prática, oferecendo um aprendizado mais envolvente e significativo.