Maldicidade : violência e erotismo nas imagens de Miguel Rio Branco

Abstract

Esta tese averigua o trabalho da imagem, do espaço e do erotismo no livro de fotografias Maldicidade, de Miguel Rio Branco, a partir da edição publicada em 2014 pela editora Cosac Naify, na qual o artista atuou diretamente, elaborando o conceito da edição. Reconhecendo-se o interesse na criação de um universo particular dentro de Maldicidade, foram investigados os precedentes poéticos e temáticos que envolvem o objeto, elucidando a complexificação do novo uso dado às séries fotográficas de Rio Branco, criadas entre 1970 e 1980 em outro contexto sóciohistórico. Para além disso, também foi necessário constatar o trabalho da montagem dentro de um processo capaz de evidenciar reflexões que vão além do aspecto documental e da denúncia social concernente à problemática ali apresentada. Mediante a leitura de autores como Georges Didi-Huberman, Roland Barthes e Susan Sontag, reconhece-se que em Maldicidade, ao invés de existir como uma retrospectiva caótica elaborada pelo próprio artista, cria uma narrativa visual cuja paisagem e cujos corpos humanos são apresentados de forma a desvelar uma crítica à contemporaneidade urbana – confrontando a ideia de progresso e de modernidade da sociedade brasileira ao fazer emergir uma paisagem notadamente periférica.