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Título: Os enquadramentos socioespaciais – toriumnormatividade – no reconhecimento das sociedades indígenas como sujeitos
Autor(es): Santos, Leonilson Rocha dos
Orientador(es): Pinheiro, Douglas Antônio Rocha
Assunto: Comunidades indígenas
Organização socioespacial
Reconhecimento (Direito)
Data de publicação: 8-Out-2025
Referência: SANTOS, Leonilson Rocha dos. Os enquadramentos socioespaciais – toriumnormatividade – no reconhecimento das sociedades indígenas como sujeitos. 2025. 257 f., il. Tese (Doutorado em Direito) — Universidade de Brasília, Brasília, 2025.
Resumo: Este trabalho parte da compreensão ambivalente sobre o reconhecimento, que é, ao mesmo tempo, um mecanismo de visibilidade e um dispositivo de sujeição. Conforme elaborado por Butler (2014a; 2016; 2019a; 2019b; 2021a; 2022), o reconhecimento não se dá sobre sujeitos já constituídos, mas se constitui como uma prática normativa que opera por meio de esquemas de inteligibilidade produzidos por condições de ser reconhecido (reconhecibilidade), que, por sua vez, preparam o caminho do reconhecimento a partir de enquadramentos que delimitam quem, onde e quando determinadas vidas podem aparecer. Diante disso, o foco da pesquisa recai sobre os modos como as sociedades indígenas são reconhecidas como sujeitos na cena pública-estatal, a partir de enquadramentos socioespaciais, o que chamamos de toriumnormatividade: uma categoria metodológica que nos permite examinar como a operação de reconhecimento das sociedades indígenas é produzida mediante a atribuição de um lugar – um espaço reificado e normativamente qualificado – no qual essas vidas podem ser inteligíveis, aparecer e ser reconhecidas. A análise concentrou-se na noção de “habitat”, presente na legislação e, sobretudo, na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, como conceito paradigmático desses enquadramentos. Demonstrou-se que o habitat funciona como um marcador de autenticidade, que naturaliza a ligação entre sujeito e espaço a partir de parâmetros ecológicos e culturais estabilizados. Essa operação resulta não apenas na reificação das identidades indígenas, mas também na exclusão de formas de territorialização que não se enquadram nesse modelo. Nesse sentido, o trabalho evidencia como esse enquadramento contribuiu para o esgotamento do modelo demarcatório fundado nos parâmetros do habitat, gerando um cenário em que poucas terras indígenas têm sido homologadas e onde o Estado, limitado por seus próprios regimes de inteligibilidade, é incapaz de reconhecer novas demandas territoriais. A partir dessa constatação, discute-se as formas de existência que escapam à moldura produzida por esses enquadramentos socioespaciais, como as retomadas, as autodemarcações e as presenças indígenas em contextos urbanos. Ao final, concluímos pela necessidade um deslocamento da ideia de habitat – como espaço fixo e normativamente atribuído – para a noção de habitar, tal como afirmada pela Constituição Federal de 1988, compreendida como processo histórico e político de territorialização (Oliveira Filho, 1998; 1999; 2013; 2022). Tratase de afirmar um reconhecimento mais democrático, capaz de incluir aqueles sujeitos indígenas que se encontram fora dos atuais marcos do reconhecimento. Essa ampliação, sustentada por práticas de autodefinição e produção territorial insurgente, aponta para um constitucionalismo em disputa, cuja construção efetiva parte dos próprios sujeitos que o texto constitucional buscou nomear.
Abstract: This work begins from an ambivalent understanding of recognition, which is, at once, a mechanism of visibility and a device of subjection. As developed by Butler (2017; 2019b), recognition does not operate upon pre-constituted subjects, but rather constitutes itself as a normative practice that functions through schemes of intelligibility produced by conditions of recognizability, which, in turn, prepare the ground for recognition by delimiting who, where, and when certain lives may appear.The focus of the research lies in examining how Indigenous societies are produced as subjects within the public-state scene through socio-spatial framings – what we refer to as toriumnormativity: a methodological category that allows us to analyze how the recognition of Indigenous peoples operates through the assignment of a place – a reified and normatively qualified space – in which these lives may become intelligible, appear, and be recognized.The analysis centers on the notion of habitat, present in legislation and especially in the jurisprudence of the Federal Supreme Court, as a paradigmatic concept of these framings. It is demonstrated that habitat functions as a marker of authenticity, naturalizing the link between subject and space through stabilized ecological and cultural parameters. This operation results not only in the reification of Indigenous identities but also in the exclusion of territorialization practices that do not conform to this model.In this sense, the work reveals how such a framework contributed to the exhaustion of the demarcation model based on habitat parameters, producing a scenario in which few Indigenous lands have been officially recognized, and where the State – limited by its own regimes of intelligibility – is unable to recognize new territorial claims.From this finding, the study turns to forms of existence that escape the framing produced by such socio-spatial norms, such as land retakings (retomadas), self-demarcations, and Indigenous presences in urban contexts. In the end, we argue for the necessity of a shift from the idea of habitat – as a fixed and normatively assigned space – toward the notion of dwelling (habitar), as affirmed by the 1988 Federal Constitution, understood as a historical and political process of territorialization (Oliveira Filho, 1999; 2012; 2022).This means affirming a more democratic form of recognition, capable of including those Indigenous subjects who find themselves outside the current normative boundaries of recognition. This expansion, sustained by practices of self-definition and insurgent territorial production, points to a constitutionalism in dispute, whose effective construction is carried out by the very subjects the constitutional text sought to name.
Unidade Acadêmica: Faculdade de Direito (FD)
Informações adicionais: Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Faculdade de Direito, Programa de Pós-Graduação em Direito, 2025.
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em Direito
Licença: A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.unb.br, www.ibict.br, www.ndltd.org sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra supracitada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
Aparece nas coleções:Teses, dissertações e produtos pós-doutorado

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