Experiências de opressões e resistências entre trabalhadoras maranhenses do setor de telemarketing

Abstract

A presente tese empenha uma análise crítica sobre a experiência de trabalhadoras maranhenses do setor de telemarketing, especialmente em relação às estratégias de resistências por elas articuladas frente à precarização que enfrentam em suas atividades laborais. A abordagem crítica da pesquisa parte do materialismo histórico-dialético e o amplia através da perspectiva interseccional a fim de desvelar as opressões de gênero, raça e classe impelidas à força de trabalho das mulheres no referido setor, cuja precariedade das condições trabalhistas representa uma das principais características do imperativo neoliberal: a regressão dos direitos e conquistas civilizatórias. Contextualiza-se que a força de trabalho no setor é majoritariamente composta por mulheres e, a partir de entrevistas realizadas com trabalhadoras do telemarketing em São Luís/MA, elas se declarararam negras ou pardas, em condições de vulnerabilidade diversas que, associadas à realidade socioeconômica da capital maranhense, as condicionam ao exército de reserva (superpopulação relativa) promovido pelo desemprego. A pesquisa também aponta que, no caso do Maranhão, essas trabalhadoras não possuem representação sindical, condição que as fazem vulneráveis à expropriação do valor da sua força do trabalho inerente ao processo de acúmulo de capital. Assim, os aportes teóricos da pesquisa se constituem de obras referenciais sobre a temática para a apreensão de sua totalidade, a qual é visada a partir da pesquisa empírica engendrada em entrevistas com trabalhadoras de um call center da capital maranhense a fim de reconhecer, pela experiência, a realidade laboral sob estudo. Esse material subsidiou a reflexão crítica sobre as opressões sofridas pelas trabalhadoras e sobre as ações de resistências empreendidas por elas para permanecerem no trabalho. Argumenta-se, portanto, que a realidade evidenciada possui estreita relação com as históricas heranças coloniais e patriarcais do Brasil, as quais se reproduzem no mercado de trabalho e perduram ao longo do tempo através da divisão sexual e racial do trabalho, conformando um conjunto de precariedades ao qual as trabalhadoras são expostas. As conclusões desta tese argumentam sobre a necessidade de revelar as práticas opressoras instituídas no mercado de trabalho e sobre a importância de compreendê-las de forma interseccionada para que seja possível enfrentar efetivamente as desigualdades contidas na exploração da força de trabalho das mulheres, especialmente das mulheres negras.