O verde dos condomínios horizontais : o discurso da integração e a realidade da distinção

Abstract

O mercado da construção civil, aproveitando-se da insegurança dos cidadãos, investiu nos condomínios horizontais fechados, disseminados no Brasil desde os anos 1990. Tais empreendimentos, lançados e usualmente direcionados à população de alta renda, insistem na associação simples à natureza, simulando um ambiente de pureza em meio à cidade, vendidos como ilhas de qualidade de vida. A partir dessas premissas, o estudo busca analisar o discurso da sustentabilidade em condomínios horizontais da cidade de Goiânia – GO, a partir de exemplares voltados para população de maior poder econômico. Pretende-se contribuir para o debate sobre o processo de estratificação social existente nessa tipologia de assentamento e no acesso diferenciado dos espaços. Para a discussão, desenvolveu-se uma interpretação morfológica da acessibilidade dos condomínio na município, por meio da Sintaxe do Espaço. Posteriormente foram analisadas as divulgações do produto (2022) por meio do material publicitário disponibilizado pelos empreendedores abordando: 1) nome como conceito; 2) especificação e 3) mensagem. Em sequência, selecionou-se um empreendimento para a verificação dos elementos naturais e práticas sustentáveis. A partir dos resultados obtidos, concluise que o mercado descobre na natureza um elemento criador de significado, conferindo-lhe um atributo diferencial, promotor de distinção e qualidade de vida. Além disso, percebeu-se que à elite cabe o privilégio “morfológico” dos espaços verdes, enquanto o ônus dos impactos ambientais gerados por eles é compartilhado por todos.