Caracterização agronômica, genotípica e qualidade de sementes de genótipos de cevadas irrigadas no Cerrado

Abstract

A cevada (Hordeum vulgare L.) é utilizada como fonte para a alimentação humana e animal, bem como na fabricação de bebidas e na composição de medicamentos. No Brasil, o cultivo da cevada é concentrado nos estados da Região Sul, sendo utilizada em sua quase totalidade para a malteação na produção de cervejas, utilizando-se, preferencialmente, as cevadas tradicionais, com a pálea e a lema aderidas ao grão, para tal atividade. Por outro lado, a cevada nua tem sido menos utilizada para a produção de malte por apresentar maior teor de β-glucanas que as cevadas tradicionais, apesar de ter maior potencial de extrato. Porém, o interesse pela cevada nua vem aumentando para utilização na alimentação, por seu alto teor de β-glucanas, e por apresentar bons níveis de proteína, lipídeos, vitaminas e minerais, auxiliando em várias funções metabólicas no organismo. Algumas pesquisas veem sendo desenvolvidas pela Embrapa Cerrados para a seleção e o desenvolvimento de genótipos de cevada nua adaptados às condições do Cerrado Brasileiro, como forma de introduzir a cultura no portfólio de grãos produzidos na região. Assim, objetivou-se com este trabalho, avaliar os parâmetros genéticos, a caracterização agronômica e a qualidade pós-colheita de sementes de cevada. No primeiro capítulo objetivou-se a obtenção de parâmetros genéticos através da avaliação de caracteres agronômicos de seis genótipos de cevada nua, selecionados pelo programa de melhoramento genético de cevada da Embrapa. O delineamento experimental utilizado foi o de Blocos ao Acaso, com parcelas de quatro linhas de três metros, espaçadas em 25cm, em quatro repetições. Avaliaram-se as seguintes características: grau de acamamento da parcela (%), ciclo dos genótipos até o espigamento (dias), altura das plantas (cm), rendimento de grãos (kg ha-1) e peso de mil sementes (g). Os parâmetros genéticos obtidos foram: estimativas das variâncias fenotípica ao nível de média (𝜎􀷜􀯙 􀬶), genotípica entre os acessos (𝜎􀷜􀯚 􀬶) e da ambiental média (𝜎􀷜􀯘 􀬶), herdabilidade no sentido amplo (ha2), os coeficientes de variação experimental (CVe), genético (CVg) e relativo (CVr) e a acurácia seletiva (ȓĝg). O experimento foi conduzido no Centro de Inovação em Genética Vegetal da Embrapa Cerrados, localizado no Riacho Fundo II-DF, a 15°54’53’’ de latitude Sul e 48°02’14’’ de longitude Oeste, em uma altitude de 1.250m, em sistema irrigado via pivô central em Latossolo Vermelho Distrófico, com clima caracterizado como Aw (tropical úmido de savana, com inverno seco e verão cuvoso), entre os meses de maio e setembro, nos anos de 2020 e 2021. Neste sendido, observou-se que os genótipos mais precoces apresentaram maiores valores de rendimento de grãos, bem como maior altura de plantas, e que o genótipo 295400 apresentou características promissoras, como um alto rendimento de grãos, alto valor de PMS, baixa porcentagem de acamamento e ciclo considerado médio. O genótipo 299555 destacou-se negativamente por se apresentar mais tardio que os demais. Já no segundo capítulo objetivou-se a avaliação da qualidade pós-colheita de sementes de uma linhagem de cevada nua, do programa de melhoramento da Embrapa, e de cinco cultivares de cevadas tradicionais, já lançadas pela Embrapa para cultivo no Cerrado, colhidas de duas formas, manualmente e mecanicamente, e mantidas sob duas formas de armazenamento, em câmara fria e em armazém não climatizado. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições, sendo realizadas as avaliações de: teste padrão de germinação (%), germinação após envelhecimento acelerado (%), condutividade elétrica (μS cm-1 g-1), teor de água das sementes (%), e emergência em campo (%). Observou-se que a linhagem CPAC Musa, de cevada nua, apresentou menores taxas de germinação e de emergência quando colhida mecanicamente, mostrando que foi mais influenciada pela forma de colheita, além de obter menores valores de condutividade elétrica, possivelmente pela ausência da casca. Além disso, o armazenamento em câmara fria mostrou-se mais eficiente na manutenção da qualidade das sementes de cevada, apesar das pequenas diferenças entre os resultados dos dois métodos avaliados.