Comparação do desempenho da filtração direta ascendente e da filtração direta descendente com ênfase na remoção de esporos de bactérias aeróbias e microesferas como indicadores de remoção de oocistos de Cryptosporidium

Abstract

A presença de oocistos de Cryptosporidium na água para consumo humano representa fator de risco à saúde pública. No entanto, devido à complexidade e custos relacionados à metodologia de quantificação desse patógeno, o monitoramento de sua remoção em estações de tratamento de água (ETA) tem sido realizado por meio de indicadores com o intuito de viabilizar análises sistemáticas. Dois dos indicadores já investigados e reconhecidos pela comunidade científica são os esporos de bactérias aeróbias (EBA) e as microesferas fluorescentes de poliestireno. Neste contexto, o presente estudo avalia e compara o desempenho da filtração direta ascendente (FA) com a filtração direta descendente (FD), com ênfase na remoção de EBA como indicador para avaliação da remoção de oocistos de Cryptosporidium. A metodologia foi dividida em duas etapas: ensaios em escala de bancada – testes de jarros para construção do diagrama de coagulação e definição das melhores condições de pH e dose do coagulante (sulfato de alumínio) - e experimentos de filtração em escala piloto. Nos experimentos piloto de filtração foram avaliadas as remoções de turbidez, cor aparente, coliformes, EBA e microesferas, considerando duas condições operacionais – (1) filtro ascendente e descendente operando com a mesma taxa de filtração (5 m/h) e (2) filtro ascendente e descendente operando com mesma vazão, de 59,41 L/h (equivalente à taxa de filtração de 5 m/h no FA e 10,48 m/h no FD). O filtro descendente apresentou, em geral, eficiência de remoção um pouco superior ao filtro ascendente. A remoção média de EBA foi de 2,35 e 2,33 no filtro descendente e de 1,98 e 1,60 log no filtro ascendente na condição operacional 1 e na condição operacional 2, respectivamente. No entanto, as diferenças na eficiência de remoção para o FD e FA não foram consideradas estatisticamente significativas, na maioria dos casos. A eficiência de remoção das microesferas fluorescentes foi superior à de EBA em ambos os filtros e variou de 3 a 5 log, reforçando que a remoção de esporos de bactérias aeróbias (EBA) é indicador conservador com relação à remoção de microesferas e, consequentemente, da remoção dos oocistos de Cryptosporidium. Por fim, os dados revelaram inexistência de correlação entre a remoção de EBA e remoção de turbidez e de microesferas.