Questões warburguianas colocadas à plástica de Adriana Varejão

Abstract

A presente Dissertação de Mestrado objetiva interrogar a plástica de Adriana Varejão (1964) a partir de questões teóricas abertas pela noção de Pathosformel, cunhada pelo teórico e historiador da arte judeu-alemão Aby Warburg (1866-1929), e, também, em seus desdobramentos pensados pelo filósofo e historiador da arte francês Georges Didi-Huberman (1953). Debruça-se sobre a extensa produção da artista e, ao ponderar acerca de presumíveis lacunas, bem como questionar elementos estruturantes de obra e fortuna crítica, a pesquisa detém-se, especificamente, na relação que ela articula entre questões da arte contemporânea e o que os críticos vincularam ao Barroco no Brasil, avançando a hipótese de diálogo entre a referida plástica e as Pathosformeln. Nesse sentido, ao respeitar o primado warburguiano da imagem para conduzir as investigações do historiador da arte e estruturar-se mediante uma lógica associativa entre imagens, o trabalho busca refletir sobre a obra da artista a partir da problematização de determinados nexos de sua poética, sem obliterar a remissão da artista à densidade do Barroco e à azulejaria portuguesa. Trata-se, primeiramente, de interrogar a polaridade ethos/pathos na série Azulejões (2000-), bem como, em seguida, investiga relações entre a Pathosformel da destruição e a série Línguas e Cortes (1998-), ou ainda arrefecimento das Pathosformeln face às recentes Ruínas de Carne (2021-2022).