Realismo dos fantasmas da periferia : o pensamento do "realismo mágico"

Abstract

Este estudo defende que a nueva narrativa hispanoamericana instituiu a trajetória de um novo pensamento literário, a partir da “inestética” de Alain Badiou (2008), e não uma mera retórica poética chamada “realismo mágico”. A inovadora experimentação lógica relacional entre os efeitos de sentidos “real” e “maravilhoso”, de conjunção intercalar, produziu um espaço indecidível entre os signos contraditórios, a partir de materiais e camadas do passado ou do futuro fundidas no presente, conformando, assim, uma forma fantasmal. Nesse sentido, uma série de romances desenvolveu uma forma literária radicalmente nova, capaz de tornar visível os invisíveis espectros hispano-americanos, desdobrando como pensamento literário um realismo dos fantasmas da periferia ou um realismo espectral, em que os romances investigam perceptivamente o poder moderno, desfigurando a ideia de um progresso na história do capitalismo global, por meio da exposição diegética de uma complexa estrutura mítica do poder, na distinção sensível de diversos procedimentos rituais e sacrificiais. Para tanto, analisamos El Señor Presidente (1946), de Asturias, que se mostra a obra de irrupção da nova forma; El reino deste mundo (1949) e Pedro Páramo (1955), que deram existência e desenvolveram as primeiras consequências formais do realismo espectral; Cien años de soledad (1967), que apresenta uma estandardização negativa da nova forma; e, por fim, McOndo (1996), que tenta destruir o pensamento do realismo dos fantasmas da periferia.