Culturas infantis : um estudo com crianças em um parquinho de uma comunidade religiosa de Brasília

Abstract

Este trabalho acadêmico, em nível de doutorado, insere-se no campo de estudos sobre as infâncias, na linha de pesquisas de Estudos Comparados em Educação, do Programa de Pós-Graduação, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. A pesquisa desenvolveu-se dentro do escopo do projeto “Playground Movement, parques infantis, Escola-Parque: histórias entrelaçadas”. O objetivo geral consiste em compreender as vivências de 57 crianças no parquinho de uma comunidade religiosa, buscando analisar as linguagens e as culturas infantis. O aporte teórico fundamenta-se no campo de estudos da(s) infância(s), em perspectiva interdisciplinar da sociologia da infância e geografia das infâncias. A escuta das crianças, em suas múltiplas linguagens, justifica-se pela necessária articulação entre os conteúdos produzidos por elas, que têm significados singulares e universais. Ressalta-se que o registro do que as crianças dizem em pesquisas acadêmicas vincula-se a direitos inscritos na Convenção dos Direitos das Crianças, da Organização das Nações Unidas, de 1989. A escolha do parquinho como campo desta pesquisa ancora-se na compreensão do papel do cotidiano, das interações e das brincadeiras como formas de desenvolvimento da cultura de pares pelas crianças. Nesse sentido, as crianças são compreendidas como sujeitos de direitos, localizados histórica e geograficamente, produtores e produtos de determinada cultura. A investigação acadêmica orienta-se por abordagem qualitativa com aproximações metodológicas da etnografia. Em função da complexidade do objeto de pesquisa, sua compreensão exige um repertório diversificado de procedimentos metodológicos capazes de consubstanciar a escuta das múltiplas linguagens das crianças no contexto do parquinho. As imersões no campo apontam para o parquinho como um lugar que possibilita o desenvolvimento pleno das crianças, por meio das descobertas e elaboração da cultura de pares. As crianças constroem narrativas, operam com leis da física e criam explicações para os fenômenos enquanto brincam. No entanto, a dependência desse grupo geracional aos adultos limita a ida delas ao parquinho, pois são os adultos que decidem e controlam os espaços e tempos da(s) infância(s).