Assistência estudantil para mães estudantes do curso de Licenciatura em Educação do Campo na FUP/UnB

Abstract

A pesquisa objetivou compreender as percepções quanto à assistência estudantil das discentes da Licenciatura em Educação do Campo que são mães e levam os filhos consigo para Faculdade UnB Planaltina (FUP) durante o período do curso denominado Tempo Universidade. Para tanto, utilizou-se uma abordagem multimetodológica, com a aplicação de questionário do tipo survey e entrevistas individuais semiestruturadas para a realização de avaliação participativa, com abordagem interpretativa, bem como foi realizada a análise dos instrumentos de ação pública disponíveis para a assistência estudantil das mães do LEDOC. O estudo se justificou em função das particularidades desse grupo de estudantes, mulheres mães que se deslocam, com seus filhos, do campo até o campus UnB Planaltina e exigem da Universidade estruturas para recebê-las de maneira adequada. Também justifica-se pela importância da assistência estudantil, que no caso fomenta a permanência de estudantes de origem quilombola, interiorana e camponesa – entre as quais é possível identificar o entrelaçamento de fatores de diferença como: raça, gênero, maternidade, ruralidade. Embora os resultados da pesquisa mostrem que a assistência estudantil é insuficiente para atender as especificidades das discentes mães, principalmente na conjuntura de crise política, onde acontecem cortes orçamentários indiscriminados no âmbito da educação superior, é reconhecido que a maioria das discentes não teria condição de concluir o curso sem o aporte da assistência existente, destacando-se alojamento, auxílio emergencial, auxílio socioeconômico, bolsa permanência MEC para quilombolas, bolsa alimentação e auxílio-creche. A pesquisa mostra ainda que, em razão do baixo alcance do auxílio-creche e da desconsideração da especificidade da maternidade nos demais mecanismos formais de assistência, destaca-se uma estratégia extensionista de cuidado conhecida por “Ciranda” e concretizada em forma de ação coletiva, como resultado dos esforços de uma rede local de apoio às discentes e seus filhos.