Possíveis fatores de risco e proteção para o bem-estar e saúde mental da categoria docente : um estudo bioecológico com professores readaptados da SEDF

Abstract

Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano de 2020 a depressão passaria a ser a segunda causa mais incapacitante do mundo. Com base em dados da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF), somente no primeiro semestre de 2018, 15% dos profissionais (aproximadamente 3.900 professores) foram afastados de sala de aula no Distrito Federal, a maioria dos atestados médicos apresentados foram por questões de saúde mental. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) por sua vez, aponta a categoria docente como sendo a segunda a apresentar doenças ocupacionais, das quais, em sua maioria relacionadas a questões de saúde mental. O aumento de professores em adoecimento por demandas emocionais e doenças psíquicas é considerável, o que afeta diretamente o bem-estar e a saúde mental dessa categoria. Por isso, o presente trabalho investigou quais os fatores de risco e proteção relacionados ao bem-estar e saúde mental do docente e as possíveis redes de apoio para os professores da SEDF, com base nas vivências, necessidades e perspectivas de profissionais que passaram pelo processo de readaptação funcional. Tal análise foi realizada na perspectiva de oito professoras em processo de afastamento e readaptação que compõem esse quadro devido a diagnósticos em saúde mental, tendo participado de entrevistas semiestruturadas que foram alvo de uma análise temática. Os resultados apontaram que o adoecimento emocional na categoria docente é multifatorial, contudo, questões relacionadas ao trabalho, como as díades presentes nos microssistemas dos professores, entre elas a relação com os pares e direção, e estruturas precárias, sobrecarga e a não valorização profissional são fatores de risco, bem como a relação presente no mesossistema família-escola, sendo aspectos que afetam diretamente o bem-estar e a saúde mental docente. Observou-se ainda, que a profissão docente é tanto um fator de risco como um fator de proteção, pois, embora possam lidar com questões que afetem seu bem-estar e saúde mental, a maioria dos professores gostam da profissão e no caso daqueles em afastamento e readaptação, o fato de terem mudado de papel, atuando em outros ambientes na escola que não mais a sala de aula, é fator de proteção ao seu bem-estar e saúde mental. Foi constatado também que há ações de promoção ao bem-estar e saúde mental dos professores por parte da SEDF, contudo, ainda são de pouco conhecimento e abrangência, sendo necessário uma maior divulgação e ampliação dos programas. Esse estudo utilizou a abordagem sistêmica e bioecológica de Urie Bronfenbrenner, no intuito de investigar de forma contextualizada e minuciosa os sujeitos dessa pesquisa, sob o olhar fenomenológico. Foi pretendido por meio dessa pesquisa fornecer subsídios para o aprimoramento ou criação de redes de apoio, contribuindo assim, para a valorização dos professores readaptados e melhoria do bem-estar e saúde mental dos docentes da SEDF.