Efeitos dos valores individuais sobre a percepção de risco e atitude segura das pessoas em estacionamentos públicos e privados de livre circulação

Abstract

Os estacionamentos têm sido locais utilizados para práticas delituosas, isto porque delinquentes aproveitam-se de situações de distração das pessoas e da oportunidade para cometerem diversos crimes, tais como: vendas ilegais e consumo de drogas, bem como brigas, furtos, roubos e violências diversas. Assim, este trabalho se propõe a engajar as pessoas comuns como corresponsáveis pela segurança pública. Com isto, foram estudados os valores, percepção de risco e atitude segura, ou seja, três variáveis que se destacam como precursoras e preditoras de comportamentos. O objetivo geral da pesquisa consistiu em elaborar um instrumento capaz de medir a Percepção de Risco (PR) e a Atitude Segura (AT) de pessoas quando integram estacionamentos. O método compreendeu duas metas, elaboração de um instrumento, a partir de revisão da literatura, realização de dois grupos focais, assim como categorização de itens, avaliação de juízes em relação aos itens categorizados, bem como análises estatísticas para verificação de evidências de validade e confiabilidade. O instrumento teve inicialmente 22 itens, que foram avaliados por cinco juízes. Assim, após o cálculo do Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC) apresentou itens satisfatórios superiores a 0,80. Na correspondência item à faceta teve 100% de concordância. Este instrumento recebeu o nome de Escala de Percepção de Risco e Atitude Segura (EPRAS). O segundo requisito foi direcionado para realizar a coleta de dados, análises estatística e discussão. O local da pesquisa se deu no Distrito Federal e em vários estados do Brasil. A amostra teve 629 participantes, envolvendo sexo masculino e feminino, várias faixas etárias, policiais, servidores públicos, estudantes, professores, assim como de vários outros segmentos sociais, bem como residentes em vários estados e cidades do Brasil. Foram utilizadas a EPRAS, o PVQ-R de Schwartz et al., (2012), e um Questionário sociodemográfico de doze itens. Os dados foram coletados pelo Google Forms. O contato com os respondentes se deu por telefone, tendo como meio principal a ferramenta WhatsApp. Os dados foram submetidos

à Análise Fatorial Exploratória (AFE) e Análise Fatorial Exploratória Confirmatória (AFC). Pela AFE foram realizados os testes de KMO e Bartlett da amostra coletada, o KMO foi 0,885, acima de 0,7. Ao final a EPRAS ficou com estrutura final de dois fatores e com 20 itens. O teste de Bartlett que mede a multicolinearidade dos itens, se mostrou consistente com resultado positivo indicando com isto, que houve multicolinearidade. Com a AFC, observou-se que os índices de fidedignidade com o lambda-4 de Guttman, Λ4 = 0,94, que representa a melhor estimativa de fidedignidade de itens numa escala apenas ordenada, e não intervalada, o alfa de Cronbach também obteve valor adequado, α = 0,91. Também apresentou χ2 = 231,738, RMSEA = 0,02 e SRMR = 0,078, todos adequados segundo a literatura. Quanto a sexo, o teste de Mann-Whitmann mostrou diferenças significativas entre a PR e a AT. Assim, no fator 1, percepção de risco, o sexo feminino obteve escores significativamente maiores, U (629) = 59.844,5; p < 0,001. No fator 2, AT, a situação se repetiu, U (629) = 44.439,50; p = 0,02. Nas comparações considerando indivíduos Não Policiais verso Policiais foram consideradas as Correlações de Significância de Lilliefors, assim como os Histogramas da PR e AT dos Policiais e Não-Policiais. No teste de Mann-Whitney, este grupo não apresentou diferenças estatísticas, o que indica que tanto Não Policiais quanto policiais têm entendimentos semelhantes quanto ao significado dos fatores da EPRAS.