As Rodas de Samba do Distrito Federal brasileiro, patrimônio-territorial latinoamericano, expressão de resistência espacial negra

Abstract

As rodas de samba se territorializam no cotidiano do Distrito Federal brasileiro de forma bastante expressiva: por meio de associações ou grêmios recreativos de escolas de samba, instituições educacionais relacionadas à música popular brasileira, em bares, restaurantes e por coletivos de rodas de samba, criados por sambistas das Regiões Administrativas da Capital Federal. Por esse contexto, a proposta da tese se faz em compreender a natureza e definir as

territorialidades das rodas de samba do Distrito Federal brasileiro, a fim de reconhecê-las e ativá- las popularmente como patrimônio-territorial latinoamericano. Para atingir o objetivo proposto, a

tese propõe uma análise geográfica globalizante, a partir de quatro conceitos, são eles: território, formação socioespacial brasileira, territorialidades e patrimônio-territorial. Assim, ela parte da análise da formação territorial na América Latina, seguindo para uma interpretação dos principais eventos ocorridos no território brasileiro até a constituição do Distrito Federal, os quais imprimem um caráter singular à formação socioespacial brasileira. Para a obtenção dos dados necessários à construção dialética da tese, foram utilizados três procedimentos metodológicos: (i) a pesquisa de gabinete; (ii) a pesquisa de reconstrução histórica; e (iii) a pesquisa de campo; todos executados concomitantemente, contribuindo para uma melhor catalogação, sistematização e análise dos dados. Também foi utilizado o recurso da periodização para abarcar, de forma escalar, o movimento do samba no território do Distrito Federal brasileiro e adotou-se a metodologia de ativação popular do patrimônio-territorial latinoamericano na identificação das rodas de samba a serem ativadas. A investigação efetuada confirma a tese de que parte das rodas de samba do Distrito Federal brasileiro pode ser reconhecida e ativada popularmente como resistência espacial

negra. Elas carregam em sua natureza a mesma força e significância das rodas de samba que eram efetivadas em senzalas, terreiros, morros, favelas e espaços periferizados, num movimento contra o poder hegemônico, imposto pelas colonialidades do poder e do saber, a partir do próprio Estado.