Os fundamentos políticos do discurso de treinamento dos funcionários do Banco do Brasil

Abstract

O propósito desta pesquisa é investigar como o mais importante estabelecimento bancário do Brasil expandiu seu poder, de acordo com os princípios da modernidade, durante o período compreendido entre 1964 e 1978. O Banco do Brasil foi capaz de construir um tipo de discurso que tinha a finalidade de mudar o comportamento de seus funcionários. Logo, para colocar a instituição adequada aos parâmetros da modernidade, era necessário obter a colaboração de seus servidores. Uma das maneiras encontradas para atingir seus objetivos foi aperfeiçoar o treinamento técnico. Ele deveria ser direcionado a um grupo selecionado de funcionários que estivesse habituado a exercer funções de comando. A maioria seria composta de gerentes. A instituição também decidiu criar um departamento específico para administrar o treinamento. Esse departamento recebeu o nome de Desed. Ele deveria ser o responsável por ensinar os funcionários a comandar, de acordo com a ideologia do Banco. O treinamento era considerado um processo contínuo que deveria ocorrer não apenas nas salas de aula, mas até mesmo durante os trabalhos de rotina ou durante conversas formais ou informais, em qualquer lugar e a qualquer hora. Eles acreditavam que o treinamento técnico, baseado nas teorias da administração científica, iria trazer progresso ao Banco e à nação. Através do emprego de uma retórica persuasiva, os articuladores do discurso utilizaram-se da linguagem do poder, vincularam-na ao treinamento e obtiveram êxito em impor as idéias e valores do Banco. Esta pesquisa pretende ser uma contribuição para o entendimento de como se sucedeu o processo de modernização do Banco do Brasil e, ao mesmo tempo, o que isto significou para o país naquele momento histórico.