Variabilidade comportamental, escolha e resistência à mudança sob administração aguda e crônica de etanol

Abstract

O presente trabalho avaliou se o consumo agudo e crônico do etanol afetaria diferencialmente a variabilidade comportamental. Para tanto, ratos foram distribuídos em cinco grupos: Agudo-Agudo e Crônico-Crônico, os quais receberam etanol de forma aguda e crônica, respectivamente, antes e durante o experimento; Agudo-Abstinência e Crônico-Abstinência, que receberam etanol de forma aguda e crônica, respectivamente, antes do experimento e maltodextrina durante o experimento; e Abstinência-Abstinência, o qual recebeu apenas maltodextrina antes e durante o experimento. No Experimento 1, foram investigados os efeitos do etanol sobre a aquisição e estabilidade da emissão de sequências de respostas repetidas e variadas, e sobre a escolha entre repetir e variar. Todos os animais foram expostos a um esquema múltiplo REP 3 (uma sequência produzia o reforço caso fosse igual a, pelo menos, uma das três sequências anteriores) VAR 10 (uma sequência era reforçada apenas se fosse diferente das 10 últimas) e, em seguida, a um esquema concorrente encadeado com os critérios REP 3 e VAR 10 nos elos terminais. O Experimento 2, por sua vez, investigou os efeitos do etanol sobre a resistência à saciação e à liberação de reforços independentes do responder. Os animais que foram expostos a uma história de consumo de etanol apresentaram aumentos na variabilidade comportamental no início da aquisição de repetição, preferência pelo elo terminal de repetição (apenas aqueles que estavam intoxicados durante a tarefa) e maior resistência à mudança no elo terminal de variação do que de repetição, o que não foi observado com os animais abstinentes antes e durante o experimento. Não foram observados efeitos diferenciais entre o consumo agudo e crônico de etanol e nem covariação entre preferência e resistência. Conclui-se que o etanol aumenta a variabilidade comportamental sob contingências de repetição, mas esse efeito é transitório, possivelmente em decorrência do mecanismo de tolerância. Ainda, uma história de administração de etanol contribui para uma maior alteração do responder em REP quando há a inserção de uma operação disruptiva.