http://repositorio.unb.br/handle/10482/52774
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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2025_LucianaPelucioFerreira_DISSERT.pdf | 1,25 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Título: | O Coletivo : um dispositivo de cuidado inovador na atenção psicossocial infantojuvenil |
Autor(es): | Ferreira, Luciana Pelucio |
Orientador(es): | Rocha, Dais Gonçalves |
Assunto: | Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI) Processo grupal Intervenção psicossocial Saúde mental |
Data de publicação: | 20-Out-2025 |
Data de defesa: | 4-Ago-2025 |
Referência: | FERREIRA, Luciana Pelucio. O Coletivo: um dispositivo de cuidado inovador na atenção psicossocial infantojuvenil. 2025. 115 f. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em Saúde Coletiva) — Universidade de Brasília, Brasília, 2025. |
Resumo: | Esta dissertação teve como objetivo analisar as micropolíticas do trabalho em Coletivo em um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) no Distrito Federal, buscando compreender o funcionamento desse dispositivo como prática de cuidado na atenção psicossocial. Procurou-se identificar as interfaces entre a abordagem do Coletivo e os princípios da atenção psicossocial; caracterizar o Coletivo como dispositivo de cuidado; e investigar suas potencialidades, desafios e inovações no campo da saúde mental.O Coletivo, tal como vivenciado na pesquisa, configura-se como um espaço aberto e fluido, constituído enquanto um grupo, atravessado por afetos, encontros e práticas interdisciplinares, onde a clínica se desdobra para além das intervenções convencionais. Nele, prevalecem as tecnologias leves de cuidado, baseadas na escuta, no vínculo e na potência do encontro, articuladas aos saberes técnico-científicos da saúde mental. Sustenta-se como um trabalho vivo em ato, que se atualiza no cotidiano do serviço e opera em uma lógica não prescritiva e inventiva. A fundamentação teórica se organiza em quatro eixos: (1) os caminhos da reforma psiquiátrica brasileira e a consolidação da atenção psicossocial; (2) a atenção psicossocial voltada à infância e adolescência e os desafios da inclusão da saúde mental infantojuvenil nas políticas públicas; (3) o conceito de Coletivo, com base em Jean Oury e nos movimentos institucionalistas; e (4) as micropolíticas do trabalho vivo em ato, com foco na produção do cuidado como processo relacional e situado. A pesquisa adotou o método cartográfico, permitindo uma imersão vivencial no campo por meio da atuação como trabalhadora do serviço durante um ano. Os dados foram produzidos a partir de diários de campo, portfólios reflexivos, entrevistas e observações participantes, analisados com base em conceitos-analisadores construídos no percurso da investigação. Os resultados foram sistematizados em cinco categorias, que envolvem a discussão: (i) da construção coletiva do cuidado no CAPSi; (ii) da micropolítica dos encontros, do movimento e do inesperado no Coletivo; (iii) da transversalidade do cuidado e o trabalho interprofissional; (iv) das crises e tensões internas e externas no Coletivo; (v) da caosmose como potência criadora do dispositivo; e (vi) apresentação de produto técnico. As análises apontam que o Coletivo se constitui como uma ‘máquina abstrata’ de produção de encontros, escuta, corresponsabilização e práticas de cuidado inventivas, resistindo à lógica biomédica e fragmentada. Ao promover a transversalidade entre saberes e fortalecer o protagonismo de crianças e adolescentes, opera como dispositivo contra-hegemônico. Apesar dos desafios, como a rotatividade de profissionais, desmonte da saúde mental e a fragilidade das redes, destaca-se a potência instituinte do Coletivo, sustentada pelo engajamento das residências em saúde e por práticas ético-estético-políticas comprometidas com o cuidado integral, a autonomia e a invenção de modos de vida da maneira compartilhada e em constante devir. |
Abstract: | This dissertation aimed to analyze the micropolitics of working in a "Coletivo" (Collective) within a Child and Adolescent Psychosocial Care Center (CAPSi) in the Federal District of Brazil, seeking to understand how this device functions as a care practice within psychosocial care. The study intended to identify the interfaces between the Collective approach and the principles of psychosocial care; to characterize the Collective as a care device; and to investigate its potentialities, challenges, and innovations within the field of mental health. The Collective, as experienced in this research, is configured as an open and fluid space, structured as a group permeated by affects, encounters, and interdisciplinary practices, where clinical work unfolds beyond conventional interventions. It prioritizes light care technologies grounded in attentive listening, bonding, and the transformative power of encounters, while integrating technical-scientific knowledge from the field of mental health. It operates as a living labor in act, renewed daily within the service through a non-prescriptive and inventive logic. The theoretical framework was structured around four axes: (1) the trajectory of the Brazilian psychiatric reform and the consolidation of psychosocial care; (2) psychosocial care aimed at children and adolescents and the challenges of incorporating child and youth mental health into public policies; (3) the concept of the Collective, based on Jean Oury and institutionalist movements; and (4) the micropolitics of living labor in act, focusing on care as a relational and situated process. The study adopted the cartographic method, allowing immersive engagement through one year of work within the service. Data were produced through field diaries, reflexive portfolios, interviews, and participant observation, and analyzed using concept-analyzers developed throughout the research process. The findings were organized into five categories: (i) the collective construction of care within the CAPSi; (ii) the micropolitics of encounter, movement, and the unexpected within the Collective; (iii) the transversality of care and interprofessional work; (iv) internal and external crises and tensions; (v) chaosmosis as the creative force of the device; and (vi) technical product presentation. The analyses suggest that the Collective operates as an abstract machine for producing encounters, listening, co-responsibility, and inventive care practices, resisting biomedical and fragmented logics. By promoting transversal knowledge exchanges and reinforcing the protagonism of children and adolescents, it emerges as a counter-hegemonic device. Despite challenges such as staff turnover, the dismantling of mental health policies, and fragile care networks, the Collective demonstrates instituting potential, sustained by the engagement of health residency programs and by ethical-aesthetic-political practices committed to integral care, autonomy, and the collective invention of ways of living in constant becoming. |
Unidade Acadêmica: | Faculdade de Ciências da Saúde (FS) |
Informações adicionais: | Dissertação (mestrado) — Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 2025. |
Programa de pós-graduação: | Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Mestrado Profissionalizante |
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Aparece nas coleções: | Teses, dissertações e produtos pós-doutorado |
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