Vivências de estagiárias de pedagogia que atuam em Escolas de Governo

Abstract

A presente pesquisa visou a apreender as vivências de estagiárias de Pedagogia que atuam em Escolas de Governo (EGs) a partir da tríade “Curso de Pedagogia – Estágio – Escolas de Governo”. Para tal finalidade, fundamentou-se no materialismo histórico-dialético (Marx, 2008, 2020a, 2020b; Kosik, 1969; Cury, 1987; Gadotti, 1988; Frigotto, 1989; Netto, 2011, 2020) e realizou entrevistas com seis estagiárias. As vivências foram analisadas por meio dos núcleos de significação (Vigotski, 2018, 2020; Aguiar; Ozella, 2006, 2013; Aguiar; Soares; Machado, 2015). O principal referencial teórico utilizado embasou-se nos documentos finais da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (Anfope) (1983, 1986, 1988, 1989, 1990, 1992, 1994, 1996, 1998, 2000, 2002, 2004, 2006, 2008, 2010, 2012, 2014, 2016, 2018, 2021, 2023) e nos trabalhos de Freitas (1985, 1995), Freitas (1996), (Brzezinski (2009, 2011), Curado Silva (2011, 2015, 2019, 2021), Saviani (2021, 2015, 2014, 2009, 2007, 1994), Ciavatta (2019) e Frigotto (2015). Os núcleos de significação sistematizados foram: i) O encontro com as Escolas de Governo; ii) Reconhecer-se Pedagoga em formação no cotidiano de estágio nas Escolas de Governo; e iii) Constituição do ser Pedagoga. O estágio foi tomado como espaço-tempo – porque realizado no espaço do trabalho na temporalidade da formação inicial – de trabalho-formação, pelo qual o trabalho é tomado como princípio educativo que potencializa a finalidade formativa do estágio. Nas análises da pesquisa concluímos que o estágio não obrigatório tem muitas brechas que possibilitam a utilização da mão de obra das(os) estagiárias(os); houve desvio de função tanto pela ruptura do caráter formativo do estágio, como também pela utilização das estagiárias em atividades majoritariamente administrativas. Ainda, a supervisão do estágio constituiu outro desafio, pois apenas uma estagiária era supervisionada por profissional formada(o) no curso de Pedagogia e nenhuma delas era orientada por professora(o) das respectivas IES. De modo geral, o acompanhamento do estágio foi realizado de modo burocrático. Os resultados da pesquisa apontam para a necessidade de aprimoramento da forma de realização e acompanhamento do estágio não obrigatório por parte das IES e das Escolas de Governo. Ademais o trabalho coopera, dentre outros, para o avanço dos conhecimentos sobre o campo de estudos da Pedagogia e pela defesa da especificidade de atuação da(o) Pedagoga(o) em ambientes não escolares.