Sociologia do corpo : Donald Pierson e a sociologia da itinerância

Abstract

O livro assume como premissa que a constituição da sociologia do corpo no Brasil se perfaz por meio dos estudos do corpo negro, advogando que a questão racial ocupa lugar de centralidade. Consubstancia-se numa análise da influência de Donald Pierson (1900-1995) na constituição da sociologia do corpo no Brasil com base na sociologia da itinerância. Considerado um sociólogo outsider, Pierson foi invisibilizado no Brasil e nos Estados Unidos, onde nasceu. Pobre, branco, com valores do mundo rural e protestante, Pierson assume para si um papel de desbravar estudos em terras brasileiras. Neste país, além de produzir sua tese “Negroes in Brazil. A study of racial contact” (1934-1937), um estudo realizado em Salvador/BA, Pierson foi professor e chegou a coordenar o primeiro curso de pós-graduação em Sociologia da Escola Livre de Sociologia e Política (1939-1959). No transcurso da pesquisa, que se originou este livro, e, que está relacionado às rotas sinuosas da trajetória intelectual, profissional e pessoal de Pierson, que se entrecruzam com as da autora, expressões marcadas por sentimentos eclodem, contribuindo para a redefinição da pesquisa. O livro lança mão da etnografia historiográfica como uma proposição metodológica para os estudos do corpo/corporeidade humana, definindo-a como um delineamento metodológico que envolve a pesquisa biográfica, imersão em arquivos documentais (fontes históricas e bibliográficas) e desdobra-se em trabalho de campo.