O Programa de Residência Pedagógica (PRP) no Centro-Oeste : contribuições e limites para formação de professores

Abstract

A presente pesquisa é vinculada à Linha de Pesquisa Profissão Docente, Currículo e Avaliação do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Brasília (UnB). O objetivo deste trabalho foi compreender as contribuições e limites do Programa de Residência Pedagógica (PRP) para a formação de professores, a partir da análise dos projetos institucionais de cinco instituições do Centro-Oeste brasileiro. Os objetivos específicos da pesquisa foram analisar as produções sobre Residência Pedagógica (RP) de 2015-2021; analisar a literatura, as pesquisas e o histórico sobre RP; e, por fim, realizar a análise documental dos editais e dos projetos institucionais do PRP. Partimos da seguinte problematização central: quais as contribuições e limites do PRP para a formação de professores? Para apreendermos a discussão, tivemos também algumas questões norteadoras para este estudo: quais influências e concepções políticas estão presentes nos textos oficiais que instituíram a Residência Pedagógica? Quais são as contribuições do PRP para a construção de uma práxis profissional? A pesquisa se deu com cinco IES dos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal, as quais nos disponibilizaram seus projetos institucionais do PRP dos seguintes anos: 2018, 2020 e 2022. Apoiamo-nos no referencial teórico do Materialismo histórico-dialético, utilizando autores como Curado Silva (2008); Marx e Engels (2007); Marx (1977), entre outros. A pesquisa foi desenvolvida de acordo com as seguintes etapas: i) Estudo da legislação brasileira e de teóricos que tratam da formação de professores, bem como o levantamento de trabalhos sobre a temática para o estado do conhecimento; ii) análise dos documentos, dos editais e dos projetos institucionais; iii) análise e tabulação dos dados, construção de categorias e análise dos resultados. A análise realizada nos revelou que a Residência Pedagógica (tal como o campo da formação de professores) é palco de disputas; as mudanças entre os editais, as normativas e o direcionamento do programa sofreram alterações ao longo de sua existência. Elencamos alguns pontos do PRP que podem ser considerados frágeis e contributos deste para a formação docente, como fragilidades, apontamos: o baixo número de licenciandos participantes; a carga horária de trabalho dos preceptores não ser reduzida para que estes possam se dedicar mais ao programa; para os preceptores, a grande quantidade de residentes a orientar; a ênfase do programa na regência em sala de aula, que se traduz com foco apenas na prática do professor em detrimento de uma formação ampla, com sólida relação entre teoria e prática e baseada na práxis. Como contributos: o desenho do Programa o fortalece como espaço de aproximação e interlocução entre as IES e as escolas de Educação Básica; a imersão dos licenciandos no efetivo trabalho docente que tende a se ampliar a cada trabalho desenvolvido na escola; a oportunidade da formação continuada dos professores da Educação Básica; a valorização e o reconhecimento do papel dos preceptores enquanto co-formadores dos residentes; e a participação no PRP poder estimular a pesquisa educacional, incentivando os futuros professores e os professores preceptores a investigar práticas pedagógicas e, assim, contribuir para a produção de conhecimento na área. Percebemos a relevância a proposta da RP para a formação de professores, pois contribui para a formação inicial e continuada, com influências benéficas para a aprendizagem da profissão e o reconhecimento da escola como local formativo, destacando este espaço para a imersão na prática profissional e os professores da educação básica como co-formadores dos futuros professores.