A trajetória da política de formação para o trabalho : razões e lições da emergência do mestrado profissional

Abstract

Desde o relatório Sucupira, em 1965, aventa-se a possibilidade de criação de uma pósgraduação stricto sensu com maior aderência à demanda da economia e do setor público. O objetivo da presente pesquisa é contribuir para o entendimento da trajetória desta proposta de política pública para o ensino superior que não visa à eliminação ou simples substituição da pós-graduação clássica, destinada à produção de conhecimento, mas de outra, denominada profissional, também versada na produção do conhecimento, mas relacionada à solução de problemas identificados nas empresas e órgãos públicos empregadores dos mestrandos. Isto impõe maiores exigências sobre os mestrados que, além da pesquisa de qualidade, devem também oferecer a garantia de relevância econômica e social de seus cursos. Significa colocar a universidade disponível para a geração de emprego e renda, além de suas atribuições tradicionais de formação de pesquisadores. É de se destacar que essa proposta de abertura da universidade para o mundo produtivo não é consensual entre formuladores e analistas da política educacional brasileira. A pesquisa propõe assim, além de uma análise histórica capaz de observar a evolução do ensino no Brasil e em alguns países cultural e economicamente mais próximos, distinguir a concepção de ensino superior e pós-graduação nos países industrializados, as recentes reformas operadas em bom número deles e o quanto custa à nação um ensino superior mais ou menos aberto às necessidades imediatas do setor produtivo. Desde a criação da pós-graduação no Brasil, nas últimas décadas do século XX, a universidade ofereceu contribuições concretas para a reconquista dos ideais da democracia e, posteriormente, para a estabilidade da economia. Trata-se agora de observar como será o seu desempenho para o desenvolvimento nacional, ou seja, seu papel de instituição capaz de beneficiar não apenas aqueles que participam diretamente das atividades acadêmicas como também o conjunto dos brasileiros, ao potencializar pela qualificação profissional a geração e a distribuição de renda, ao encontrar alternativas capazes de combater as desigualdades regionais, e isso a partir dos parâmetros da sustentabilidade.