MATER : uma abordagem feminista sobre a arte-maternagem pela perspectiva de artistas-mães brasileiras

Abstract

Esta pesquisa-escrita pretende acrescentar inquietações ao debate feminista no sentido em pontuar questões que envolvem a arte e a maternidade na contemporaneidade, se faz endereçada a todas as artistas-mães-latinas que fecundam estratégias, investigam, organizam, visibilizam pesquisas, arquivos, ideias, desejos e metas que alcancem mais mães. A investigação analisa como artistas-mães enfrentam a falta de reconhecimento no meio artístico, onde suas obras são muitas vezes relegadas a uma “arte menor” e romantizadas a partir de um imaginário masculino. Além disso, ressalta-se a dificuldade de inserção dessas artistas em espaços e eventos artísticos, dada a ausência de políticas públicas que promovam acessibilidade e inclusão para mães em instituições de arte.Interessa-nos compreender a importância e a reverberação dos movimentos feministas sobre as produções artísticas da atualidade no sentido de abarcar as questões levantadas pelos feminismos contemporâneos, acerca da legalização do aborto e da maternidade compulsória, da masculinidade tóxica e do patriarcado, do empoderamento dos próprios corpos e dos prazeres e, em que medida essas questões influenciam as produções artísticas que abordam a maternidade como campo investigativo na atualidade brasileira. Em uma construção processual de investigação, buscamos abordar as temáticas; identidade, ancestralidade, corpo, registo do tempo, construção de memórias, maternagem, invisibilidade, rede de apoio e trabalho doméstico, presentes nas obras artística apresentadas na exposição.A metodologia aplicada, parte de levantamento de dados fundamentado em entrevistas entrevistadas por meio de um questionário online realizada durante a pandemia, que se organiza em um mapeamento cartográfico de 43 artistas-mães brasileiras, desenvolvido pela Coletiva Arte e Maternagem (AeM).A Poética Materna do Enquanto, se estabelece como uma proposta conceitual na pesquisa, na qual reflete sobre a fragmentação da vida de uma artista-mãe, destacando as dificuldades de conciliar as demandas da maternidade com a produção artística. Três eixos analíticos; Corpo-Mãe, Ninho e Fissura articulam analises dos trabalhos dos artistas-mães, abordagens acerca dos conceitos de maternidade/maternagem, poéticas maternas e autorrepresentações, divisão sexual do trabalho, economia do cuidado, pensamento maternal, feminismo matricêntrico e maternagens ativistas em construções dialógicas entre teóricas: Elizabeth Badinter (1985), Donna Haraway (1995) Adrienne Rich (1986), Andrea O’Reilly (2016), Silvia Federici (2017), Patrícia Hill Collins (2019), Linda Nochlin (2016), Griselda Pollock (1981), Andrea Liss (2009), Glória Anzaldúa (2007), bell Hooks (2019), Lélia Gonzales (2020), Lucila Scavone (2004), Margareth Rago (2011), Valeska Zanello (2016), Vera Iaconelli (2023), Roberta Barros (2016), Clarissa Borges (2019) e no mais.Ao final, a tese reivindica por políticas públicas inclusivas e interseccionais para apoiar a produção artística de mães, com base em uma abordagem feminista crítica ao sistema. Pela representação do feminino através da perspectiva de artistas-mães em reverberações indissociáveis à produção artística.