Telerreabilitação em enfermagem: uma ferramenta para promoção do autocuidado em pessoas com lesão medular

Abstract

A telerreabilitação utiliza tecnologias de comunicação e informação para fornecer cuidados de saúde remotamente, permitindo que enfermeiros acompanhem e assistam os pacientes em suas casas. O objetivo deste estudo foi apresentar o serviço de telerreabilitação em enfermagem para promoção da autogestão do cuidado em pessoas com lesões medulares. Este estudo foi conduzido em cinco etapas. Na Etapa 1, realizou-se uma revisão integrativa sobre telerreabilitação em pessoas com lesão medular, desenvolveu-se um estudo exploratório com enfermeiros e pacientes, identificaram-se os principais tópicos e desenvolveram-se instrumentos e guias para teleconsultas de enfermagem: cuidados com a pele, bexiga e intestino. Na Etapa 2, desenvolveram-se e validaram-se instrumentos de coleta de dados e guias de cuidados com base nos tópicos identificados na Etapa 1, em colaboração com especialistas. A Etapa 3 consistiu em dois ensaios, um clínico randomizado e um estudo quase experimental em que as teleconsultas de enfermagem foram usadas para acompanhar pacientes com lesão medular no cuidado domiciliar. Na Etapa 4, analisaram-se as teleconsultas, diagnósticos, intervenções educativas, adesão, complicações e dificuldades. A Etapa 5 avaliou a satisfação dos pacientes com as teleconsultas para melhorias no serviço de telerreabilitação. O estudo foi desenvolvido em um Hospital de Reabilitação em Brasília, entre novembro de 2018 e fevereiro de 2021. Para a coleta de dados nas etapas, foram utilizados questionários do Google Forms, Coletum, Survey Monkey e registros em prontuário. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital SARAH Brasília e registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos – RBR-6wbq6kw. Análises de frequência absoluta e relativa, média, desvio padrão, coeficiente Kappa, índice de variação conjunta, razão de chances e odds ratio foram utilizadas para análise dos dados. Os estudos resultaram na construção dos instrumentos de avaliação e guias educativos sobre cuidados com a pele, bexiga e intestino, validados por especialistas. Os estudos sobre telerreabilitação em pacientes com lesão medular mostraram melhorias significativas nos cuidados com a pele, bexiga e intestino. Nos cuidados com a pele, houve redução na transpiração excessiva e perda de urina/fezes, além de aumento no uso de hidratantes. Na reeducação vesical, houve aumento no cateterismo vesical e autocateterismo, além de redução significativa na perda urinária diária. Nos cuidados intestinais, a adesão à massagem abdominal aumentou e a consistência das fezes melhorou, com redução no uso de fraldas. As teleconsultas foram predominantemente síncronas e tiveram alta satisfação dos pacientes, com 74,63% de classificação dos atendimentos como excelentes. As principais queixas foram incontinência urinária e dor neurogênica, as complicações urinárias foram as principais causas de emergências e internações. A personalização das estratégias de enfermagem foi crucial para a melhoria na qualidade de vida dos pacientes. A telerreabilitação se destaca como uma estratégia eficaz para promover o cuidado, integrando-se aos diferentes níveis de atenção à saúde. Aliada à educação em saúde, capacita o paciente na autogestão do cuidado ao fomentar o autocuidado e a independência. Os resultados permitiram a instrumentalização e implantação do serviço de telerreabilitação em enfermagem, sublinhando a necessidade de abordagens personalizadas para melhorar a qualidade de vida desses pacientes.