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Título: Confinamentos e penitências na Terra de Muitos Males : punição e encarceramento de indígenas Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul
Autor(es): Silva, Tédney Moreira da
Orientador(es): Castilho, Ela Wiecko Volkmer de
Assunto: Povos indígenas
Povos Guarani e Kaiowá
Mato Grosso do Sul (Estado)
Criminologia decolonial
Encarceramento
Data de publicação: 14-Jan-2025
Referência: SILVA, Tédney Moreira da. Confinamentos e penitências na Terra de Muitos Males: punição e encarceramento de indígenas Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul. 2024. 444f. Tese (Doutorado em Direito) - Universidade de Brasília, Brasília, 2024.
Resumo: Trata-se de tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB), inserida no âmbito da Linha de Pesquisa intitulada “Criminologia, estudos étnicos-raciais e de gênero” e que tem o objetivo de analisar, a correlação entre o encarceramento promovido pelo estado de Mato Grosso do Sul sobre os indígenas Guarani e Kaiowá e a política indigenista integracionista (assimilacionista) que os afetou antes da mudança de orientação paradigmática realizada pela Constituição Federal, de 1988. Busco compreender se a criminalização e o encarceramento de indígenas promovidos no estado conectam-se à finalidade de controle e neutralização da diversidade étnica, segundo o projeto de colonialismo interno e de confinamento imposto vivenciados pelos Guarani e Kaiowá. Minha hipótese é a de que não há um debate intercultural entre os povos originários e o estado sul-mato-grossense, de forma a se exercer uma punição severa em detrimento da interculturalidade. Ainda, a prisão define o lugar de marginalização dos indígenas (já que as condições de exclusão social dos indígenas insuflam a vulnerabilização à criminalização) e serve à contenção dos movimentos indígenas de insurreição contra a expansão do agronegócio, marca da formação histórica do Mato Grosso do Sul. Para tanto, a pesquisa é dividida em duas partes: na primeira, descrevo como a criminologia, tanto em suas vertentes clássica, positiva e crítica, tem aportes insuficientes para o exame da criminalização de indígenas, o que demanda a promoção de sua decolonialidade. Feita a análise, critico a construção da criminologia eurocêntrica, que estende suas teorias universalmente para a compreensão de fenômenos que são, porém, cultural, social e historicamente situados. A crítica tem a influência decolonial, pós-colonial ou latino-americanista, que sugere um processo de decolonização para reposicionar a s margens e o centro do saber criminológico, em especial sob a perspectiva dos povos originários Nesse sentido, realizo um breve estudo das prisões brasileiras com foco na punição de indígenas e examino a evolução da legislação sobre os regimes prisionais especiais. Por meio deste estudo, pretendo confirmar a funcionalidade política na punição de indígenas, que denominei, outrora, de penalidade civilizatória. Na segunda parte, analiso como esse fenômeno se concretiza na criminalização de indígenas Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul, apresentando o histórico de 15 formação do Estado e sua aversão às raízes étnicas indígenas. A postura anti-indígena revela-se no acirramento de conflitos territoriais, engendrando um quadro social de desestabilização e embasador de violência social, de sorte que a punição de indígenas se realiza como profecia autorrealizável ou como a contenção da contestação à ordem hegemônica. A partir de entrevistas semiestruturadas com indígenas em situação prisional ou de seus parentes, indico quais são as barreiras à interculturalidade e ao pluralismo jurídico e os efeitos da criminalização sobre os indígenas e suas comunidades.
Abstract: This is a thesis presented to the Postgraduate Program in Law of the Faculty of Law of the University of Brasilia (UnB), inserted in the scope of the Line of Research entitled "Criminology, ethnic-racial and gender studies" and which aims to analyze the correlation between the incarceration promoted by the state of Mato Grosso do Sul on the indigenous Guarani and Kaiowá and the integrationist (assimilationist) Indigenist policy that affected them before the paradigmatic orientation change carried out by the Federal Constitution of 1988. I seek to understand whether the criminalization and incarceration of indigenous people promoted in the state are connected to the purpose of control and neutralization of ethnic diversity, according to the project of internal colonialism and confinement imposed by the Guarani and Kaiowá. My hypothesis is that there is no intercultural debate between the indigenous peoples and the Mato Grosso state, in order to exert a severe punishment to the detriment of interculturality. Still, the prison defines the place of marginalization of the indigenous (since the conditions of social exclusion of the indigenous inflate the vulnerability to criminalization) and serves to contain the indigenous insurrection movements against the expansion of agribusiness, mark of the historical formation of Mato Grosso do Sul. Therefore, the research is divided into two parts: in the first, I describe how criminology, both in its classical, positive and critical aspects, has insufficient contributions to the examination of the criminalization of indigenous peoples, which demands the promotion of their decoloniality. After the analysis, I criticize the construction of Eurocentric criminology, which extends its theories universally to the understanding of phenomena that are, however, cultural, social and historically situated. My criticism has the decolonial, postcolonial or Latin American influence, which suggests a decolonization process to reposition the margins and the center of Criminological knowledge, especially from the perspective of native peoples. In this sense, I conduct a brief study of Brazilian prisons focusing on the punishment of indigenous people and examine the evolution of legislation on special prison regimes. Through this study, I intend to confirm the political functionality in the punishment of indigenous people, which I once called the civilizing penalty. In the second part, I analyze how this phenomenon is materialized in the criminalization of Guarani and Kaiowá indigenous people in Mato Grosso do Sul, presenting the history of state formation and their aversion to indigenous ethnic roots. The anti-indigenous posture is revealed in the intensification of territorial conflicts, engendering a social framework of destabilization and so that the punishment of indigenous people is carried out as a self-fulfilling prophecy or as the containment of the challenge to the hegemonic order. From semi-structured interviews with indigenous people in prison or their relatives, I indicate what are the barriers to interculturality and legal pluralism and the effects of criminalization on indigenous people and their communities.
Resumen: Se trata de tesis presentada al Programa de Posgrado en Derecho de la Facultad de Derecho de la Universidad de Brasilia (UnB), insertada en el ámbito de la Línea de Investigación titulada "Criminología, estudios étnicos-raciales y de género" y que tiene el objetivo de analizar, la correlación entre el encarcelamiento promovido por el estado de Mato Grosso do Sul sobre los indígenas guaraníes y kaiowá y la política Indigenista integracionista (asimilacionista) que los afectó antes del cambio de orientación paradigmática realizada por la Constitución Federal, de 1988. Busco comprender si la criminalización y el encarcelamiento de indígenas promovidos en el estado se conectan a la finalidad de control y neutralización de la diversidad étnica, según el proyecto de colonialismo interno y de confinamiento impuesto vivenciados por los Guaraní y Kaiowá. Mi hipótesis es que no hay un debate intercultural entre los pueblos originarios y el estado sur-mato-grossense, de forma a ejercer un castigo severo en detrimento de la interculturalidad. Asimismo, la prisión define el lugar de marginación de los indígenas (ya que las condiciones de exclusión social de los indígenas insuflan la vulnerabilidad a la criminalización) y sirve a la contención de los movimientos indígenas de insurrección contra la expansión del agronegocio, marca de la formación histórica de Mato Grosso do Sul. Para tanto, la investigación se divide en dos partes: en la primera, describo como la criminología, tanto en sus vertientes clásica, positiva y crítica, tiene aportes insuficientes para el examen de la criminalización de indígenas, lo que demanda la promoción de su decolonialidad. Hecho el análisis, critico la construcción de la criminología eurocéntrica, que extiende sus teorías universalmente para la comprensión de fenómenos que son, sin embargo, cultural, social e históricamente situados. Mi crítica tiene la influencia decolonial, poscolonial o latinoamericano, que sugiere un proceso de decolonización para reposicionar las márgenes y el centro del saber Criminológico, en especial desde la perspectiva de los pueblos originarios. En ese sentido, realizo un breve estudio de las prisiones brasileñas con foco en el castigo de indígenas y examino la evolución de la legislación sobre los regímenes penitenciarios especiales. Por medio de este estudio, pretendo confirmar la funcionalidad política en el castigo de indígenas, que denominé, otrora, de penalidad civilizatoria. En la segunda parte, analizo cómo ese fenómeno se concreta en la criminalización de indígenas Guaraní y Kaiowá en Mato Grosso do Sul, presentando el histórico de formación del Estado y su aversión a las raíces étnicas indígenas. La postura antiindígena se revela en el recrudecimiento de conflictos territoriales, engendrando un marco social de desestabilización y embasador de violencia social, de suerte que el castigo de indígenas se realiza como profecía autorrealizable o como la contención de la contestación al orden hegemónico. A partir de entrevistas semiestructuradas con indígenas en situación carcelaria o de sus parientes, indico cuáles son las barreras a la interculturalidad y al pluralismo jurídico y los efectos de la criminalización sobre los indígenas y sus comunidades.
Unidade Acadêmica: Faculdade de Direito (FD)
Informações adicionais: Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Faculdade de Direito, Programa de Pós-Graduação em Direito, 2024.
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em Direito
Licença: A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.unb.br, www.ibict.br, www.ndltd.org sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra supracitada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
Aparece nas coleções:Teses, dissertações e produtos pós-doutorado

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