Ex-líbris : pequeno artefato artístico

Abstract

A exposição Ex-líbris: pequeno artefato artístico nasceu em um momento que os ex-líbris ganharam novo fôlego na cultura nacional. Por isso, esta foi uma ação criada como um dos resultados do projeto de extensão Ex-líbris e as técnicas de gravuras, realizado em parceria entre a Seção de Obras Raras da Biblioteca Central (BCE) da Universidade de Brasília (UnB) e o professor de Calcogravura do Instituto de Artes (IdA), Eduardo Belga. Projeto este, que buscou se juntar a outras iniciativas de promoção ao acesso, produção e ampliação do conhecimento sobre estes objetos. Os ex-líbris representam uma longa tradição de marcação de propriedade em livros. Eles são usados desde o século XV e na contemporaneidade correspondem a uma etiqueta geralmente de papel e frequentemente ornamentada, acompanhada da expressão latina ex libris (que em português significa “dos livros de”) e do nome do proprietário do livro. Neste sentido, os exlíbris também agregam a representação dos gostos pessoais, ou mesmo de parte da personalidade do seu possuidor, sendo um artefato carregado de memória e considerado por muitos como um pequeno objeto de arte. A coleção de ex-líbris da Seção de Obras Raras atualmente contém mais de 5 mil exemplares. O início deste acervo provavelmente se deu a partir das bibliotecas particulares adquiridas pela universidade entre as décadas de 1960 e 1980. Pois, observa-se nesta coleção de exlíbris 415 itens que pertenceram ao político e jurista Homero Pires, cuja biblioteca pessoal foi adquirida pela UnB em 1963. Na década de 1990 esta coleção foi organizada pela professora Stella Maris Bertinazzo (IDA) e alguns bolsistas. Neste período, além da organização da coleção, ela também promoveu exposições e realizou publicações sobre estes objetos, estimulando ainda que os seus alunos produzissem ex-líbris. No seu livro Ex libris: pequeno objeto de desejo há um capítulo inteiro dedicado à coleção da BCE. Em 2018, esta coleção se ampliou, pois cerca de 3.600 itens do artista e colecionador de ex-líbris Jorge de Oliveira também passou a integrar o acervo da BCE. Ao mesmo tempo que a Stella Maris, Jorge de Oliveira movimentou o cenário do ex-librismo nacional, participando e organizando exposições e criando mais de 300 ex-líbris em sua carreira. Inclusive os dois trocavam correspondências sobre o tema. O referido projeto de extensão Ex-líbris e as técnicas de gravuras buscou ampliar o entendimento sobre os ex-líbris ao longo do ano de 2024, a partir de aulas expositivas sobre sua história e características, e do estímulo à produção de novos exemplares. Confeccionaram os exlíbris expostos ao público os alunos da disciplina de Calcogravura e os participantes do projeto de extensão Gravura Antiutópica, que conta com um grupo de professores, alunos e ex-alunos que objetivam consolidar a produção, pesquisa e ensino de gravura no âmbito da UnB. O presente catálogo apresenta, portanto, os resultados destes esforços e parcerias, tentando manter o legado da Stella Maris e do Jorge de Oliveira, e a tradição da UnB no ex-librismo nacional. Neste sentido, a exposição Ex-líbris: pequeno artefato artístico disponibilizou ao público para visitação aberta 114 ex-líbris e 10 publicações sobre o tema, como catálogos de exposições e boletins de associações. Portanto, entre os dias 16 de setembro e 04 de outubro, os visitantes puderam apreciar não somente os 46 ex-líbris elaborados pelos alunos de graduação e também pelos membros do Gravura Antiutópica, como ainda exemplares do acervo da própria Seção de Obras Raras. É importante destacar que a possibilidade de acesso aos exemplares físicos expostos e aqui apresentados, não se encerra com o fim da exposição. Pois, todos eles são parte integrante da coleção de obras raras da BCE, que mantém um rico acervo aberto a pesquisadores do mundo inteiro. Raphael Diego Greenhalgh Eduardo Lustosa Belga