A escola do campo - a comunidade camponesa - a universidade : práxis educativa agroecológica - uma teia de relações na resistência dos sujeitos coletivos

Abstract

A presente pesquisa, desenvolvida na linha Educação Ambiental e Educação do Campo, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília, durante o período de 2022 a 2024, tem como objeto de estudo a Práxis Educativa Agroecológica que emerge de uma teia complexa de relações e integra sujeitos coletivos de diversos espaços da produção do conhecimento. Nessa direção, o objetivo geral foi analisar como os sujeitos coletivos organizados na teia de relações que envolve a Escola do Campo, a comunidade camponesa e a universidade pública materializam a Práxis Educativa Agroecológica. A pesquisa baseou-se nas relações estabelecidas entre a Escola de Ensino Médio do Campo Florestan Fernandes (EEMFF) e a comunidade do Assentamento Santana, ambas localizadas no município de Monsenhor Tabosa – Ceará, na microrregião do sertão dos Inhamuns. Também foram objeto das análises, aproximações com a Universidade Estadual do Ceará (UECE) especialmente mediante as práxis agroecológicas desenvolvidas desde o ano de 2018. A base epistemológica deste trabalho é o Materialismo Histórico-dialético, a partir das categorias: historicidade, totalidade, contradição e práxis, buscou-se estabelecer o debate sobre os projetos em disputa no campo e na educação. Os principais instrumentos utilizados para imersão na realidade foram: observações do processo educativo na EEMFF e na comunidade do Assentamento Santana/CE; entrevistas semiestruturadas com educadores(as) da EEMFF e da UECE, com estudantes da EEMFF e membros do Setor de Produção e Educação do MST no Assentamento e no estado; rodas de conversas com sujeitos que atuam na EEMFF e em diferentes espaços da comunidade do Santana; registros em diário de campo. A partir da produção e análise dos dados constatouse que os sujeitos coletivos dessa comunidade, fortalecidos pela organização no MST e ocupando o latifúndio do conhecimento em universidades públicas, passaram a impulsionar a práxis transformadora na Escola e na comunidade. Também provocaram na universidade aproximações com as lutas, a história e a cultura camponesa, rompendo com modos de produzir conhecimentos comumente hierárquicos e padronizados. O estudo também identificou potencialidades das práxis, com destaque para a formação da identidade de sujeitos coletivos, a permanência destes sujeitos no campo, a produção de conhecimento mediada por ações dialógicas e transformadoras, contribuindo assim para fortalecer a resistência nos espaços educativos.