Vivendo em ambientes urbanos : efeito da intensificação urbana sobre as aves do Distrito Federal

Abstract

Paisagens urbanas são cada vez mais dominantes ao redor do mundo criando uma nova interface para a fauna silvestre. Apesar de ter sido ignorado por muito tempo pelos ecólogos, o entendimento dos processos em áreas urbanas recebe crescente atenção para a construção de um arcabouço atual de desenvolvimento sustentável e conservação da biodiversidade. Assim, é preciso explorar de forma detalhada como as diferentes características de áreas urbanas filtram espécies e selecionam características da fauna silvestre. Neste sentido, esta tese se propôs, utilizando espécies de aves silvestres no Distrito Federal (DF) como um modelo, a estudar a relação da expansão e intensificação urbana. O objetivo geral foi investigar as assembleias de aves urbanas e sua relação com o processo de urbanização. Pretendo entender como a urbanização afeta os indivíduos que nela persistem, avaliando sua morfologia, saúde e o uso dos recursos alimentares. Também discorro sobre adaptações metodológicas realizadas em decorrência das dificuldades da amostragem de aves nos ambientes urbanos. A tese está estruturada em oito capítulos interligados pelo tipo de ambiente explorado durante o estudo: ambientes urbanos. Esses capítulos utilizam diferentes abordagens e tem distintos objetivos. Apesar disso, todo o direcionamento do trabalho está focado nos impactos que a urbanização provoca na fauna em seus diferentes aspectos (em nível de comunidade ou de população) e os determinantes ambientais relevantes para os animais que nela vivem. Além disso, em alguns capítulos abordo questões metodológicas, tendo em vista as dificuldades de amostragem de aves nos ambientes urbanos. Por último, apresento um capítulo compilando o conhecimento atual sobre os ambientes urbanos em forma de um texto de divulgação científica para a população, que incorpora meus achados nos ambientes urbanos de Brasília. Meus resultados mostram que as áreas urbanas impactam de forma direta as aves, tanto em nível de comunidade como em nível das populações. Em nível de comunidades, observei clara redução da diversidade (taxonômica, filogenética e funcional) e mudança da estrutura da comunidade em área com maior intensidade urbana. Em nível de populações, observei um aumento da proliferação de doenças (lesões nas patas), aumento do estresse crônico (razão H/L), e mudanças morfológicas e alimentares. Esses achados confirmam minha hipótese inicial de que as áreas urbanas promovem pressões significativas sobre as espécies, afetando os animais que nela persistem. Meus achados são relevantes pois o entendimento de como as espécies lidam com as pressões ambientais causadas pelas modificações urbanas podem ajudar gestores a tornar as cidades mais amigáveis à fauna, principalmente quando pensamos nos desafios globais de manutenção das populações nativas que estão em declínio.