Metodologia problematizadora na perspectiva da pedagogia histórico-crítica : uma inovação curricular na formação docente em pedagogia na Universidade de Brasília

Abstract

Esta tese integra-se à linha de pesquisa Profissão Docente, Currículo e Avaliação (PDCA) da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (FE-UnB), sob orientação da Prof.ª Dra. Liliane Campos Machado, bem como compõe o corpo de pesquisas desenvolvidas no âmbito do Grupo de Estudo e Pesquisa: Formação, Currículo, Tecnologias e Inovação- GEPFOCTI da FE-UnB. Partindo do pressuposto de que as transformações sociais têm exigido reflexões incisivas à educação quanto aos processos de ensino-aprendizagem relativos à formação docente e impelindo as Instituições de Ensino Superior - IES a buscarem metodologias inovadoras capazes de promoverem a construção do conhecimento vinculada à realidade social, este estudo apresentou a propositura da Metodologia Problematizadora a partir do método da Pedagogia Histórico-Crítica (Saviani, 2012a; 2001). A investigação ancora-se no seguinte problema de pesquisa: quais as possibilidades da Metodologia Problematizadora na perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica como uma inovação para a formação docente no curso de Pedagogia da Universidade de Brasília-UnB? O objetivo geral é adotar e desvelar as possibilidades da Metodologia Problematizadora na perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica como uma inovação para a formação docente em curso de Pedagogia na UnB. Para tanto, buscou por meio do estado do conhecimento uma aproximação do cognoscível sobre uma Metodologia Problematizadora a partir da Pedagogia Histórico-Crítica como uma inovação curricular na formação docente, ou seja, o que se produziu de trabalhos de pesquisas em âmbito nacional sobre a temática. Nesse sentido, ancorada em uma perspectiva crítica (Pucci, 2007; Saviani, 2001), este estudo percorreu os seguintes procedimentos metodológicos: a pesquisaação (Thiollent,1986) que ocorreu nas dependências da UnB com estudantes do curso de Pedagogia; a pesquisa bibliográfica de obras de referência que compôs os eixos teóricos; o questionário aplicado junto a docentes e estudantes do curso de Pedagogia da UnB; o diário de pesquisa e a análise documental. Compreende-se a Pedagogia Histórico-Crítica como um campo teórico-metodológico que assume em sua natureza a função de orientar a ação educativa, a fim de transformar os sujeitos e a sociedade. A partir dessa compreensão, este estudo apoiouse em três eixos teóricos: 1. Inovação Curricular; 2. Currículo da Formação Docente e 3. método da Pedagogia Histórico Crítica. Portanto, defendeu a Inovação Curricular (Carbonell, 2002; Rivilla, 1990) em uma perspectiva emancipadora (Veiga, 2003), que busca se orientar para o sentido de discutir e refletir, de forma mais ampla e alargada, as atividades das práticas educativas. Dessa forma ela busca dialogar com as necessidades de autonomia e independência dos sujeitos em sociedade, como um processo de transformação crítica e a melhoria do currículo rumo ao avanço dos processos de ensino-aprendizagem dos estudantes e professores. Defendeu, ainda, o Currículo da Formação Docente guiada pela epistemologia da práxis (Sánchez Vásquez, 2007; Curado Silva, 2018), pois esta concebe a relação indissociável da teoria e da prática. Por fim, no terceiro eixo, o método da Pedagogia Histórico-Crítica defendeu que, a partir de seus cinco passos metodológicos (prática social, problematização, instrumentalização, catarse e prática social), é possível compreender a realidade em sua totalidade por meio do trabalho educativo, em uma perspectiva revolucionária (Saviani, 2012a, 2001; Lavoura; Galvão, 2021; Martins, 2019). Portanto, nessa compreensão, considerou-se nesse estudo uma estrutura lógica nomeada de Metodologia Problematizadora, organizada em 10 (dez) etapas que se interconectam como uma possibilidade de conduzir progressivamente à construção e aquisição dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade no processo educativo. A pesquisa revelou que a Metodologia Problematizadora assumiu um sentido de possibilitar àqueles em formação docente as aprendizagens necessárias para uma atitude propositiva em sua realidade social, posto que a realidade social e os fenômenos que nela ocorrem necessitam ser apreendidos, problematizados e reconfigurados por esses estudantes. As categorias que emergiram da pesquisa foram: a aula, o planejamento do professor e do estudante, o trabalho coletivo, o pensamento crítico, a construção da práxis, a avaliação formativa e a autonomia do estudante na Metodologia Problematizadora. Na busca por uma resposta coesa ao problema de pesquisa deste estudo, conclui-se que promover a formação acadêmica dos docentes por meio da Metodologia Problematizadora carrega a possibilidade de constituir-se em uma inovação curricular, na medida em que está empenhada em estimular o processo de aprendizagem dos estudantes, combinada com o processo de ensino do professor, valorizando desse modo o diálogo entre ambos, assim como o diálogo com os conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade por meio do trabalho educativo, ou seja, os conhecimentos mais elaborados sejam apreendidos pelas atividades complexas do psiquismo humano. Assim pensada, tem-se na Metodologia Problematizadora um caminho que permitirá aos estudantes a construção sólida do conhecimento de maneira autônoma. Contudo, a adoção dessa metodologia deve ser entendida para além de uma dimensão técnica de ensino e aprendizagem, mas como uma metodologia que carrega elementos que propiciem a construção da autonomia dos estudantes para a docência. Portanto, a Metodologia Problematizadora contribuiu para a formação do sujeito e o aprimoramento de suas ações na prática social na qual está inserido.