Análise dos biomarcadores cortisol e prolactina em pacientes com formas clínicas leves a críticas para Covid-19 : um estudo de coorte prospectivo

Abstract

Introdução: Identificados na década de 60, os coronavírus humanos (HCoVs) causadores da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) têm causado milhões de mortes no mundo todo. Três grandes surtos causados pelos (HCoVs) ocorreram nas últimas três décadas, entre eles o de um coronavírus de origem zoonótica foi relacionado à causa de pneumonia grave em Wuhan na China, sendo nomeado posteriormente como SARS-CoV-2. Este foi responsável por mais de 530 milhões de casos confirmados e mais de 6 milhões de mortes no mundo. Com grande afinidade pelo sistema respiratório, o SARS-CoV-2 utiliza o receptor de enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) para infectar humanos. Cerca de 81% dos casos são assintomáticos ou com sintomas leves a moderado e 14% e 5% com sintomas graves ou críticos. Nas infecções por CoV, o sistema imune é vital para o controle e resolução das infecções. Além disso, o sistema endócrino parece desempenhar funções importantes nas infecções por SARS-CoV-2, uma vez que a infecção pode alterar funções de diversas glândulas endócrinas. O cortisol e a prolactina são glicocorticoides que podem agir nas respostas imunes aumentando ou diminuindo a produção de citocinas. Dessa forma, uma resposta hormonal alterada influência as respostas fisiológicas e do sistema imune, tendo assim um papel crucial nas infecções por SARS-CoV-2. Objetivo: Avaliar a relação entre as concentrações de cortisol e prolactina nas fases iniciais da infecção e a gravidade da evolução clínica em indivíduos com diagnostico de Covid-19. Métodos: Foi realizado um estudo de coorte prospectivo composto por pacientes voluntários de ambos os sexos, recrutados em unidades de saúde do Distrito Federal e com Covid19 confirmada por RT-PCR. Uma coleta por punção venosa de sangue periférico foi realizada em até 24 horas após a confirmação do resultado do RT-PCR, para a dosagem do cortisol e prolactina, utilizando a metodologia de quimiluminescência direta. Foi realizada uma análise exploratória das variáveis extraídas dos prontuários dos pacientes, uma análise multivariada de correlação de Pearson e, após ajustes das variáveis, foi desenvolvido modelos dentro do conjunto de dados que melhor explicava cada uma das variáveis analisadas, utilizando o método de Akaike. Com os dados correlacionados, foram definidas como variáveis dependentes i) o risco de hospitalização ii) o risco de saturação de O2 baixa (<93%) e iii) o risco de necessidade de suporte de O2. Como covariáveis: sexo, idade, presença de comorbidades, presença de síndrome gripal/sinais e sintomas de Covid-19 (febre, tosse, cefaleia, mialgia, coriza, espirros), presença de dispneia, presença de ageusia e/ou anosmia, presença de fadiga/cansaço. Resultados: o cortisol basal anormal foi relacionado com um aumento nas chances de internação hospitalar, com a saturação O2 (<93%) e com a necessidade de suporte ventilatório em 15,7%, 6,7% e 10,9%, respectivamente. O sexo, a idade e a presença de comorbidades também foram fatores que contribuíram para um aumento nas chances dos pacientes apresentarem um pior prognostico nos dados analisados. A prolactina basal não apresentou um impacto importante no desfecho das variáveis independentes Conclusão: Os dados mostram que alterações no nível de cortisol se relacionam com um pior prognostico dos pacientes homens com comorbidades e conforme o avanço da idade.