Variações históricas da superfície de água e da vazão hídrica na bacia hidrográfica do Rio Araguaia

Abstract

Conciliar a conservação ambiental com a crescente demanda por alimentos, água e energia é um desafio global. O Brasil, um grande produtor agrícola, enfrenta os custos ambientais do desmatamento. A bacia do rio Araguaia, vital para o crescimento econômico do Brasil, passa por mudanças significativas no uso da terra. Avaliando dados de 1987 a 2019, estudamos as variações anuais da superfície da água, considerando o desmatamento, a agricultura, a pecuária e a irrigação por pivô central, e históricos da vazão hídrica de 1980 a 2020 de 21 estações de monitoramento. Observamos reduções notáveis nas áreas inundadas (coeficientes angulares de 130 a 2.276 ha/ano) e na vazão hídrica em toda a bacia (b = -13,84; t = -4,8; P < 0. 001) e suas subdivisões (Alto Araguaia: b = -3,32; t = -4,5; P < 0,001; Médio Araguaia: b = -8,70; t = -4,8; P < 0,001; Baixo Araguaia: b = -45,49, t = -4,7; P < 0,001) nos últimos anos. As reduções da vazão hídrica persistem durante todo o ano, com uma diminuição acentuada durante o período de estiagem (F3,8 = 8,82; P = 0,006), alinhando-se com o aumento da demanda de água para a agricultura intensiva. Os afluentes e o canal principal apresentam processos de redução semelhantes (t = 0,16; g.l. = 19; P = 0,873). A garantia da vazão ecológica da bacia é imprescindível para atender as necessidades mínimas do ecossistema aquático.