A difusão horizontal no Brasil de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) pela metodologia de análise de sobrevivência

Abstract

Este trabalho tem por objetivo, com base na linha cronológica de instalação de Delegacias da Mulher (DEAMs), delimitar o processo de difusão pelo Brasil dessa específica política pública de segurança, determinando quais são os fatores que podem explicar as referidas implantações pelos governadores. Também é um propósito deste estudo explicar o porquê de alguns deles adotarem as unidades mais rapidamente do que outros. Por meio da chancela de dados coletados pelas polícias civis de todos os estados brasileiros, construiu-se um modelo que se pauta na análise de eventos históricos. Os eventos em análise são as efetivas instalações ou a sua previsão normativa individualizada, o que acontecer primeiro; isso porque se evidencia a sensibilização clara do governante em face de tal política pública. Dados coletados e chancelados junto às polícias civis locais delimitaram a referida difusão, permitindo-se construir um modelo que se pauta na análise de eventos históricos da difusão. Variáveis preditivas foram coletadas a fim de evidenciar a influência dos contextos econômicos, criminais, populacionais, sociais, político-ideológicos, geográficos e institucionais nesse processo difusório. Partindo-se do pressuposto de racionalidade limitada, a pesquisa focou na premissa de que o governador implementa as referidas unidades com olhos voltados para os ganhos políticos. Todas as evidências foram analisadas recorrendo-se à literatura sobre difusão de políticas públicas, racionalidade limitada dos governantes, bem como de metodologia da análise de sobrevivência, garantindo-se ao constructo validade interna, externa e confiabilidade. Foram estimados os riscos de sobrevivência pelo estimador Kaplan-Meier, produzindo-se, com um pouco mais de exatidão, um modelo no qual algumas poucas variáveis se ajustaram. As conclusões mais relevantes apontam para a a prevalência de variáveis explicativas políticas em detrimento, por exemplo, da relação esperada entre adoção de DEAMs e índices de feminicídios locais.