A semiose na poesia de Arnaldo Antunes : o nome das coisas não são as coisas

Abstract

A evolução da técnica e dos recursos tecnológicos, relacionados à modernização dos meios de produção, consequentemente resulta em inovadoras mudanças nos meios de concepção artística. Nesse contexto, novas formas de criação literária e do fazer poético, aliadas às tecnologias de ponta, também se estruturam, proporcionando um novo rumo à poesia. É seguindo esses pressupostos que se propõe como objetivo geral, nesta pesquisa, destacar subsídios que apontem para as possíveis relações semióticas que possam se estabelecer, durante a confecção da poesia digital, bem como as diferenças ocasionadas na estética e na recepção, por meio de sucessivas mudanças de suporte. Esse trabalho encontra-se inserido no eixo de Literatura, seguindo a linha de pesquisa de Literatura e Outras Artes, tendo em vista que a abordagem investigativa da nova sensibilidade, que sustenta a desrealização e a variação de suporte, traz à tona as tendências estéticas que caracterizam a produção poética contemporânea. A tese apresenta como problematização verificar as possíveis relações semióticas que se estabelecem entre os aspectos composicionais, próprios das tecnologias e de outros recursos combinados, entre as várias linguagens utilizadas e as parcerias com as outras artes, ou seja, as inovações e flexibilizações que possibilitam a produção de uma poesia visual alternativa que circula no espaço eletroeletrônico-digital. Essa pesquisa justifica-se por ser a internet um universo da contemporaneidade que amplia a quantidade de possibilidades combinatórias, além da acessibilidade e divulgação de obras. Outro aspecto, também abordado, encontra-se na descentralização do “eu”, presente na poesia digital, acarretada pela dinâmica da tecnologia computacional que, por conseguinte, estabelece-se também nas artes, em geral. Como referência para análise escolheu-se a produção poética de Arnaldo Antunes, em especial cinco obras do autor que foram publicadas em diferentes suportes. Principiando pelas páginas dos livros Tudos e Nome, aos videopoemas, passando pelo cassete, CD, DVD até a veiculação dos mesmos poemas do DVD Nome na internet, suas várias nuances, tipologias, relações semióticas e conexões com outras artes que podem ser observadas no decorrer desse trabalho. Nesse contexto, Arnaldo Antunes trata da relação entre a transparência da arte realista e a objetivação do mundo, em contraponto com a sofisticação formal e a valorização da subjetividade do artista na arte de vanguarda. Nesse trabalho, privilegia-se a pesquisa de abordagem qualitativa; quanto aos objetivos é exploratória; quanto aos procedimentos é uma pesquisa bibliográfica e netnográfica. A pesquisa apresenta uma aproximação ao método Fenomenológico fundamentado, principalmente, nas obras e entrevistas concedidas pelo poeta Arnaldo Antunes (1986, 1993, 1997, 2000, 2006, 2009) e, também, em poetas e estudiosos, a saber: José Ortega y Gasset, (1999), Octávio Paz (1991), Décio Pignatari (1978, 1979, 1981, 1995, 1989, 2004), Ricardo Araújo (1999), Walter Benjamin (1989, 1991, 2000), Roger Chartier (1999, 1996, 1997, 2000) e Haroldo de Campos (1991, 1997). Ainda, como referencial complementar, Herbert Marshall Mchulan (1974, 1980), Piérre Lévy (1994, 2003), Lúcia Santaella (1997, 2003), Júlio Plaza (1993), Júlio Plaza e Mônica Tavares (1998), Jorge Luiz Antonio (2010), Christopher Funkhouser (2007, 2012), Eduardo Kac (1996, 2004), Umberto Eco (1981), Philadelpho Menezes (1985, 1991), Ítalo Moriconi (1997, 1998), Antônio Risério (1998); além do registro de observações, para coleta e consolidação de dados.