Infância(s) na Ceilândia-DF : o que contam crianças sobre seus interesses e espaços

Abstract

A presente pesquisa se insere no campo dos estudos sobre a(s) infância(s), na linha de pesquisas de Estudos Comparados em Educação, do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. A investigação tem por objetivo descrever e analisar o que conta um grupo de crianças, com idade entre 8 e 12 anos, moradoras de Ceilândia-DF acerca de sua(s) experiência(s) de infância(s), evidenciando seus interesses e desejos e as relações que estabelecem com o espaço onde vivem. Para tal investidura, esta tese se embasa nos aportes teórico-metodológicos do campo de estudos da(s) infância(s), dialogando com a Sociologia da Infância e, interdisciplinarmente, com a Geografia das Infâncias. É uma pesquisa com crianças que destaca a relevância de ouvir o que esses atores sociais têm a dizer sobre suas experiências de infância no contexto pesquisado. A investigação foi realizada no espaço residencial das crianças participantes, com o propósito de dialogar e ouvi-las em um ambiente diverso do escolar e como forma de desvinculá-las do papel de aluno. Para facilitar e ampliar a compreensão sobre o que elas tinham a dizer, foram utilizados desenhos, fotografias e conversas com as crianças sobre suas produções como estratégias metodológicas para o estabelecimento de um diálogo respeitoso e que valorizasse as suas diversas linguagens. Assim, a opção pela triangulação metodológica teve por finalidade a conjugação dessas diferentes ferramentas metodológicas, de modo a gerar dados e promover uma análise que prestigiasse a expressão dos conhecimentos e perspectivas das participantes da pesquisa. As crianças demonstraram interesse e desejo por ampliar o tempo de permanência e o acesso a espaços, institucionais e/ou públicos, que possibilitem a interação e a brincadeira com seus pares. As participantes reconheceram e ponderaram alguns fatores que limitam e restringem o seu acesso livre aos espaços públicos do setor onde residem. Além disso, tecem claras e objetivas avaliações sobre as condições e a organização dos espaços públicos do lugar onde residem, evidenciando a existência de poucos espaços que as crianças podem frequentar com segurança e liberdade. A pesquisa deixa evidente a potencialidade das falas das crianças, que revelam suas leituras de mundo.