http://repositorio.unb.br/handle/10482/50409
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Título : | "A gente não nasce mãe" : uma análise crítica discursiva sobre aborto clandestino e Justiça Reprodutiva a partir de narrativas de mulheres negras e suas redes de apoio |
Autor : | Coêlho, Jaqueline |
Orientador(es):: | Vieira, Viviane Cristina |
Coorientador(es):: | Goes, Emanuelle Freitas |
Assunto:: | Aborto clandestino Justiça reprodutiva Estudos críticos do discurso Feminismo negro Decolonialidade |
Fecha de publicación : | 20-sep-2024 |
Data de defesa:: | 8-mar-2024 |
Citación : | COÊLHO, Jaqueline. "A gente não nasce mãe": uma análise crítica discursiva sobre aborto clandestino e Justiça Reprodutiva a partir de narrativas de mulheres negras e suas redes de apoio. 2024. 304 f., il. Tese (Doutorado em Linguística) — Universidade de Brasília, Brasília 2024. |
Resumen : | A presente tese estudou e analisou representações discursivas sobre experiências de abortos clandestinos vivenciados por três brasileiras autodecladaras negras entre os anos de 2005 e 2022 e como as redes de apoio às quais essas mulheres recorreram são representadas em suas narrativas sobre a experiência. Com base em referenciais teórico-metodológicos dos Estudos Críticos do Discurso (Vieira 2020; Resende 2017, 2020; Pardo, 2010; Pardo Abril, 2005, 2007; MAGALHÃES, 2017), da Análise de Narrativa (BASTOS & BIAR, 2015; BASTOS & SANTOS, 2013; SANTOS, 2013; GEORGAKOPOLOU, 2015), de Feminismos Negros e Decoloniais (COLLINS, 2016; VERGÉS, [1952] 2021; GONZALES, [1980] 2018; Carneiro, 2005), do Oxunismo (OYĚWÙMÍ, 2016; 2020; NZEGWU, 2011) e da Justiça Reprodutiva (GOES, 2019; ROSS, 2007, 2011), esta pesquisa apresenta uma crítica explanatória interseccional de como a linguagem, por meio das representações discursivas de mulheres que recorreram a abortos voluntários, descortina o debate político, de gênero, racial e social brasileiro mais amplo sobre a criminalização do aborto. Para os propósitos desta pesquisa, são fundamentais as representações e percepções que as mulheres têm sobre sua escolha quanto à interrupção de uma gravidez em um contexto de criminalização. Secundariamente, alguns aspectos da construção de significados socioculturais também são relevantes na formação dessas representações, a exemplo do modo como as participantes identificam e avaliam a influência das redes de apoio que as acompanharam no itinerário de realização de um aborto em situação de clandestinidade. Consoante, o estudo desses itinerários elucida as intersecções de opressões às quais mulheres estão submetidas desde o momento em que se descobrem grávidas até a concretização do aborto. Pela análise discursiva crítica das narrativas das participantes foi possível identificar os métodos utilizados para a interrupção das gestações, as redes de apoio acionadas ou formadas nesse itinerário e, por fim, a influência das redes sobre a representação discursiva dessas mulheres. Os apontamentos da pesquisa registraram os movimentos retóricos apresentados pelas narradoras, orientando a organização das análises em: (i)autodefinição/autoavaliação, (ii)clandestinidade e (iii)rede de apoio. Os dados analisados nesta tese foram gerados por meio de entrevistas de narrativas com as mulheres e algumas de suas redes de apoio entre os anos de 2020 e 2023, identificadas como pequenas histórias (GEORGAKOPOLOU, 2015). Utilizando-se do conceito de matripotência (OYEWUMI, 2016) e de atitudes decoloniais (FANON, 1952; 1961; MALDONADO-TORRES, 2020), esta pesquisa observou como mulheres em contexto de criminalização, alvos da necropolítica estatal que atinge corpos negros de forma desigual a partir de suas possibilidades reprodutivas, podem recorrer a um aborto como resposta de sobrevivência física e subjetiva, sua e de sua comunidade. Dessa forma, este estudo contribui para a discussão sobre a descriminalização do aborto no Brasil ao focar nas narrativas das próprias mulheres que interromperam gestações e ao propor uma análise por meio de bases teóricas além do eixo hegemônico ocidental, as quais compreendem essas mulheres como atoras sociais engajadas em atitudes de mudança social e política, assim como a questão do aborto enquanto problema de saúde pública de dimensões sociais, ainda que o cenário atual responsabilize individualmente pessoas que podem vir a gestar. |
Abstract: | This thesis studied and analyzed discursive representations of clandestine abortions experienced by three self-identified black Brazilian women between 2005 and 2022 and how the support networks to which these women resorted are presented in their narratives about their lived experience. Based on theoretical and methodological references from Critical Discourse Studies (Vieira 2020; Resende 2017, 2020; Pardo, 2010; Pardo Abril, 2005, 2007; MAGALHÃES, 2017), Narrative Analysis (BASTOS & BIAR, 2015; BASTOS & SANTOS, 2013; SANTOS, 2013; GEORGAKOPOLOU, 2015), Black and Decolonial Feminisms (COLLINS, 2016; VERGÉS, [1952] 2021; GONZALES, [1980] 2018; Carneiro, 2005), Oxunism (OYĚWÙMÍ, 2016; 2020; NZEGWU, 2011) and Reproductive Justice (GOES, 2019; ROSS, 2007, 2011), this research presents an intersectional explanatory critique of how language, through the discursive representations of women who have undergone voluntary abortions, unveils the broader Brazilian political, gender, racial and social debate on the criminalization of abortion. For the purposes of this research, women's perceptions of their choice to terminate a pregnancy in a context of criminalization are fundamental. Secondly, some aspects of the construction of socio-cultural meanings are also relevant in the production of these representations, such as how participants identify and evaluate the influence of support networks that accompanied them on their journey to have a clandestine abortion. As is the case, the study of these itineraries elucidates the intersections of oppression to which women are subjected from the moment they discover they are pregnant, decide to terminate the pregnancy, until the abortion is carried out. Through critical discourse analysis of the participants' narratives, it was possible to identify the methods used to terminate their pregnancies, which support networks were built up or formed during this journey and, finally, how these networks may have influenced the way in which the experience of abortion is discursively represented by these women. The research notes recorded the rhetorical movements presented by the narrators, guiding the organization of the analyzes into: (i) self-definition/self-evaluation, (ii) clandestinity and (iii) support network. The data analyzed in this thesis was generated through narrative interviews with the participants and some of their support networks between 2020 and 2023, identified as “small stories” (GEORGAKOPOLOU, 2015). Using the concepts of matripotency (OYEWUMI, 2016) and decolonial attitudes (FANON, 1952; 1961; MALDONADO-TORRES, 2020), this research observed how women in a context of criminalization, targeted by state necropolitics that unequally affect black bodies based on their reproductive possibilities, can resort to an abortion as a response to their own and their community's physical and subjective survival. In this way, this study contributes to the discussion on the decriminalization of abortion in Brazil by focusing on the narratives of women who have terminated pregnancies and by proposing an analysis using theoretical bases outside the Western hegemonic axis that understands these women as social actors engaged in attitudes of social and political change, as well as the issue of abortion as a public health problem with social dimensions, even though the current scenario holds people who may become pregnant individually responsible. |
Resumen: | La presente tesis ha abordado y examinado las representaciones discursivas en torno a experiencias de abortos clandestinos vividas por tres mujeres brasileñas autoproclamadas negras entre los años 2005 y 2022, así como la presentación de las redes de apoyo a las cuales estas mujeres recurrieron en sus narrativas sobre la experiencia vivida. Con base en los referenciales teórico-metodológicos de los Estudios Críticos del Discurso (Vieira 2020; Resende 2017, 2020; Pardo, 2010; Pardo Abril, 2005, 2007; MAGALHÃES, 2017), del Análisis de Narrativo (BASTOS & BIAR, 2015; BASTOS & SANTOS, 2013; SANTOS, 2013; GEORGAKOPOLOU, 2015), Feminismos Negros y Decoloniales (COLLINS, 2016; VERGÉS, [1952] 2021; GONZALES, [1980] 2018; Carneiro, 2005), el Oxunismo (OYĚWÙMÍ, 2016; 2020; NZEGWU, 2011) y la Justicia Reproductiva (GOES, 2019; ROSS, 2007, 2011), esta investigación presenta una crítica explicativa interseccional sobre cómo el lenguaje, a través de las representaciones discursivas de mujeres que optaron por abortos voluntarios, revela el debate político, de género, racial y social más amplio en Brasil sobre la criminalización del aborto. Para los propósitos de esta investigación, son fundamentales las percepciones que las mujeres tienen sobre su elección de interrumpir un embarazo en un contexto de criminalización. Secundariamente, algunos aspectos de la construcción de significados socioculturales también son relevantes en la formación de estas representaciones, como por ejemplo, cómo las participantes evalúan la influencia de las redes de apoyo que las acompañaron en el itinerario de llevar a cabo un aborto en situación de clandestinidad. El estudio de estos itinerarios aclara las intersecciones de opresiones a las que las mujeres están sometidas desde el momento en que descubren que están embarazadas hasta la realización del aborto. Por intermedio del análisis crítico del discurso de las narrativas de las participantes, fue posible identificar los métodos utilizados para interrumpir los embarazos, qué redes de apoyo se activaron o formaron en este itinerario y, finalmente, cómo estas redes pueden haber influido en la forma en que la experiencia del aborto es representada discursivamente por las mujeres. Las notas de investigación registraron los movimientos retóricos orientando la organización de los análisis en: (i) autodefinición/autoevaluación, (ii) clandestinidad y (iii) redes de apoyo. Los datos analizados en esta tesis fueron generados mediante entrevistas narrativas con las participantes entre los años 2020 y 2023, identificados como “small stories” (GEORGAKOPOLOU, 2015). Utilizando el concepto de matripotencia (OYEWUMI, 2016) y actitudes decoloniales (FANON, 1952; 1961; MALDONADO-TORRES, 2020), esta investigación observó cómo las mujeres en contexto de criminalización, víctimas de la necropolítica estatal que afecta de manera desigual a los cuerpos negros en sus posibilidades reproductivas, pueden recurrir al aborto como respuesta a la supervivencia física y subjetiva, tanto propia como de su comunidad. De esta manera, este estudio contribuye a la discusión sobre la descriminalización del aborto en Brasil al centrarse en las narrativas de las propias mujeres que interrumpieron embarazos y al proponer un análisis mediante marcos teóricos fuera del eje hegemónico occidental, que comprenden a estas mujeres como actores sociales comprometidos en actitudes de cambio social y político, así como la cuestión del aborto como un problema de salud pública de dimensiones sociales, aunque el escenario actual responsabilice individualmente a las personas que pueden llegar a gestar. |
metadata.dc.description.unidade: | Instituto de Letras (IL) Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas (IL LIP) |
Descripción : | Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, Programa de Pós-Graduação em Linguística, 2024. |
metadata.dc.description.ppg: | Programa de Pós-Graduação em Linguística |
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Aparece en las colecciones: | Teses, dissertações e produtos pós-doutorado |
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