Determinantes da opinião de auditoria em empresas estatais brasileiras

Abstract

A opinião de auditoria é um assunto que tem despertado interesse da academia, principalmente por indicar fatores de risco associados às empresas auditadas. O tema tem sido discutido há bastante tempo, mas, no Brasil, trabalhos com foco em empresas estatais ainda são escassos. Essa pesquisa busca explorar essa lacuna, tendo por objetivo identificar os determinantes da modificação de opinião em empresas estatais brasileiras. A partir da população de estatais federais e estaduais, foi estabelecida uma amostra de 233 empresas, no período de 2001 a 2022, que resultou em 2.268 observações. Foi desenvolvido um modelo Logit no qual foram testadas hipóteses relativas às características das firmas de auditoria e empresas auditadas, bem como as características relativas à vigência de normas de auditoria. Os achados empíricos confirmaram a maioria das hipóteses, revelando que a modificação de opinião é positivamente associada com: o tempo para entrega do relatório de auditoria, a modificação de opinião no exercício anterior, o fato de estatal ser dependente fiscalmente; e negativamente associada com: o tempo de contrato de auditoria, o nível de rentabilidade, o controle federal das estatais, a complexidade da auditoria. Esses resultados estão suportados pela literatura e sugerem que muitas hipóteses aplicáveis às empresas privadas também se aplicam às estatais. Por outro lado, alguns resultados não confirmaram as expectativas das hipóteses, sugerindo que a modificação de opinião tem associação negativa com: as auditorias realizadas por big four, as auditorias realizadas no período de vigência das novas normas de auditoria e relatoria; e associação positiva com o porte da empresa estatal auditada. O estudo sugere ainda que os parágrafos de ênfase e a modificação de opinião, embora não tenham o mesmo objetivo, possuem determinantes em comum. Além de contribuir do ponto de vista acadêmico, para diminuição do gap de literatura, os achados são úteis aos órgãos reguladores e/ou de controle, bem como aos gestores públicos e auditores, por indicarem red flags sobre as estatais.