O consumo sustentável de roupas é uma utopia? Estudo sobre o consumo de pessoas com conhecimento dos impactos socioambientais da indústria de vestuário

Abstract

A indústria da moda tem sido apontada por diversos estudos acadêmicos e por movimentos sociais e políticos como geradora de sérios impactos sociais e ambientais relacionados à rapidez com que a produção, o consumo e o descarte de roupas acontecem, produzindo poluição e trabalho precário em desacordo com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Esta pesquisa se propõe a analisar o consumo sustentável na área de moda, partindo das seguintes perguntas: o consumo sustentável é resultado do acesso a informações sobre sustentabilidade? O que é necessário para que mais consumidores mudem seu comportamento de consumo, tornando-o mais sustentável? A partir destas perguntas norteadoras, a pesquisa foi dividida em duas etapas. Na primeira, foram avaliados, por meio de um survey com 178 participantes, o nível de conhecimento (bom, médio, fraco) a respeito dos impactos ambientais e sociais da indústria da moda e o nível de comportamento de consumo (degradador, potencial, insustentável, quase perfeito, ideal). A segunda etapa, por meio de entrevistas semiestruturadas, foram entrevistados 20 participantes da primeira etapa que atingiram o “nível quase perfeito” de comportamento de consumo sustentável, com a finalidade de identificar o que os levou a desenvolver um comportamento de consumo sustentável. Como principais resultados, identificou-se que conhecer os impactos sociais e ambientais é uma das motivações que influencia os consumidores a adotarem comportamentos de consumo sustentáveis de roupas. Além dela surgiram questões como melhor custo-benefício no consumo sustentável, autoconhecimento, influência do meio, facilidade no acesso e consumo com propósito social. Quando analisado o comportamento de consumo sustentável constatou-se que a fase de descarte apresentou o melhor desempenho dentre os participantes. Já com relação ao comportamento de consumo de roupas usadas e de manutenção na fase de uso foram as com menor desempenho. Outro resultado que chama atenção é o perfil dos entrevistados que em sua maioria são de renda média ou média baixa. Sugere-se que futuras pesquisas aprofundem sobre os desafios ao longo das fases do comportamento de consumo e o consumo sustentável entre pessoas de renda familiar média-baixa, até 7 mil reais.