Mulheres na pós-graduação e a universidade brasileira : desafios no contexto de Ensino Remoto Emergencial na Universidade de Brasília (UnB)

Abstract

Esta dissertação trata dos principais desafios vivenciados por estudantes durante o Ensino Remoto Emergencial (ERE), considerando a especificidade desse período para a formação profissional, em especial para as mestrandas do Programa de Pós-graduação em Política Social da Universidade de Brasília, que são sujeitas deste estudo. A pesquisa justifica-se pela necessidade de desvelar as consequências e implicações desse período atípico na vida acadêmica dessas e de outras mulheres, e considerar os desafios que são estruturais diante da desigualdade de gênero colocada na sociedade, bem como diante da condição da universidade, inserida nos limites do padrão dependente educacional brasileiro. Sobre a metodologia, foi realizada pesquisa de campo de natureza qualitativa, a partir de um formulário online de questões direcionadas às mestrandas das turmas 2020 e 2021 do PPGPS/UnB. Além disso, houve pesquisa documental sobre legislações importantes para a educação superior nesse período e levantamento bibliográfico, essencial para a fundamentação teórico, metodológica e política deste estudo. Dessa forma, os dados levantados foram analisados a partir de pressupostos teóricos como: capitalismo dependente, padrão dependente educacional, política de educação superior, gênero e desigualdades, patriarcado, divisão sexual do trabalho, contexto da pandemia da Covid-19 e implicações do Ensino Remoto Emergencial. Por meio dos resultados, evidenciou-se que o capitalismo dependente repercute em um padrão dependente educacional na política de educação superior no Brasil, o qual é parte do projeto do capital e direciona a pós-graduação e o desenvolvimento e produção da ciência no país. Consequentemente, repercute também na condução das políticas sociais, como a educação, e assim incorpora também o ERE como parte do projeto do capital para a educação durante o período pandêmico. Inclusive, é nesse cenário que são expressas as especificidades das mulheres na pós-graduação e os desafios cotidianos em virtude da sua condição de gênero, como as dificuldades para gerenciamento de atividades, gerando as sobrecargas de trabalho e de estudos na pós-graduação, as quais foram ainda mais aguçados com a pandemia, especialmente a partir do ERE.