Inovação no setor de defesa : uma perspectiva sistêmica

Abstract

A evolução do setor de defesa brasileiro, ocorrida nas últimas décadas, tem trazido a conscientização da necessidade de se ter um sistema de inovação integrado, coordenado, e que seja compatível com os anseios de manutenção da soberania nacional do País. O objetivo deste trabalho foi compreender como as dinâmicas do setor de defesa influenciam na gestão da inovação, em termos das interações ocorridas entre os atores do seu sistema inovação. O método estruturou-se pela abordagem do desenvolvimento teórico do tipo dedutivo, pelo fato de se partir de fundamentações teóricas preestabelecidas na literatura, donde se abordou os aspectos conceituais do Sistema Setorial de Inovação de Defesa (SSI Def), a partir de uma mescla de duas teorias, apresentadas por Malerba (2004) e Muñoz e Encinar (2014). A escolha metodológica foi a qualitativa, por se tratar de um estudo de relações, de representações e de percepções oriundas de interpretações a respeito da realidade voltada ao SSI Def; tendo sido também descritiva, ao se buscar esmiuçar o modus operandi desse sistema; e explicativa, pela relação implícita entre as peculiaridades do setor de defesa e as interações entre os seus agentes de inovação. Nesse contexto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, a partir da plataforma Web of Science e do banco de dados da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD); além de 14 entrevistas semiestruturadas, por meio das quais foram ouvidos atores-chave do processo inovativo de defesa, tendo como delineador um roteiro de perguntas preestabelecidas e validadas por órgãos militares de gestão da inovação. Com base em um horizonte temporal transversal, empregou-se o método de análise de conteúdo sobre os dados coletados, tanto nas entrevistas quanto na pesquisa bibliográfica, o que possibilitou certa liberdade interpretativa, associada à devida sistematização e rigidez, indispensáveis à pesquisa científica. Isso permitiu uma melhor percepção dos valores e crenças dos entrevistados, auxiliando na captura dos aspectos culturais das organizações no que se refere ao inter-relacionamento dos seus atore. Dentre outras constatações, foi verificado que há indícios de pouca conexão entre os agentes do SSI de defesa, e de uma fragmentação nas redes que os relacionam, o que indicaria, à priori, que a interação endógena e exógena entre os agentes vinculados à defesa ainda se encontra em fase de consolidação e aprimoramento. Apesar disso, o sistema setorial de inovação de defesa brasileiro demonstra seguir seu rumo evolutivo, principalmente em razão da intencionalidade dos agentes envolvidos.