Musicalidade e subjetividade : tangências im-possíveis entre a análise musical e a psicanálise

Abstract

Esta pesquisa tem como proposta uma reflexão sobre a música, a fruição musical e seus efeitos naquele que escuta, tentando explorar as possíveis relações entre a análise musical e a teoria psicanalítica na tentativa de aproximar aquilo que se pode denotar de uma estrutura musical a partir da partitura e a subjetividade que permeia tanto o ato da criação quanto de escuta. Para dimensionamento da amplitude do fenômeno da musicalidade, inicialmente retomam-se variadas perspectivas, da semiologia à estética, para apresentar e balizar a discussão sobre os efeitos da escuta, como a música pode causar. Recorre-se à proposta dos listening-subjects (SCHWARZ, 1993), ancorada nas noções de espelho acústico e envelope sonoro, para pensarmos as relações entre ser e o som, o sujeito e a música. A partir de SMITH (2008) e a noção de musical drives, discute-se as características da harmonia desde as perspectivas pulsionais freudiana e lacaniana, e a proposta da estrutura musical enquanto organizada a partir de uma falta. Por fim, tendo por base SEKEFF (2009) explora-se a semelhança estrutural entre discurso musical e as produções fantasísticas e de linguagem, como o chiste e o sonho, abordando a possibilidade de que a escuta e a própria musicalidade se ancorem em operações simbólicas para causar naquele que escuta, a partir da criação ou alteração de sentido como efeito poético de um manejo de composição.