Profissiografia de policiais militares em simulação de confronto armado nos estágios da carreira

Abstract

Introdução: A imprescindibilidade de os policiais obterem desempenho operacional bemsucedido em confrontos armados têm demandado a necessidade de submetê-los a testes de simulação e avaliação da aptidão física necessária para que possam efetuar disparos precisos e assim solucionarem com eficiência estas situações. No entanto, muitas capacidades da aptidão física requeridas no desempenho operacional dos policiais tendem a declinar com o aumento da idade e do tempo de carreira podendo impactar na eficiência operacional em simulação de confronto armado. Objetivos: analisar a aptidão física de policiais militares e verificar a sua influência no desempenho operacional em simulação de confronto armado na carreira destes profissionais através de dois estudos empíricos de delineamento transversal conduzidos no estado de São Paulo. Método: No primeiro estudo foram incluídos policiais do sexo masculino com idades compreendidas em grupos de 20-29 anos, 30-39 anos e 40- 49 anos, e para a coleta dos dados foi utilizado o Teste de Aptidão Física (TAF). No segundo estudo admitiu-se policiais militares do sexo masculino com diferentes tempos de carreira e idades estratificados em grupos de até 25 anos de idade e 0-5 anos de carreira, 26 a 35 anos de idade com 6-13 anos de carreira, 36 a 45 anos de idade com 14 a 20 anos de carreira e idade ≥ 46 anos com tempo de carreira ≥ 21 anos, sendo utilizados como instrumentos para a coleta de dados o TAF, um questionário demográfico e o teste de simulação de confronto armado Método Giraldi®. A análise estatística foi realizada através do IBM SPSS Statistics para Mackintosh, versão 27.0 (IBM Corp., Armonk, N.Y., USA) observando frequências absolutas (n), frequências relativas (%), medidas de tendência central (Média) e de dispersão (Desvio Padrão). A normalidade da distribuição dos valores foi verificada através do teste de Kolmogorov-Smirnov com correção Lillierfors e a homogeneidade das variâncias pelo teste de Levene. Através da estatística inferencial compararam-se os dados da aptidão física e do desempenho operacional em simulação de confronto armado entre os diferentes grupos etários e de tempo de carreira através do teste de Análise da Variância, -ANOVA One-Way - e o teste post hoc de Tukey, empregando o teste t de Students para amostras independentes nas avaliações com dois grupos. Finalmente, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson para calcular as associações entre variáveis da aptidão física e do desempenho operacional em simulação de confronto armado (valor total da prova). O nível de significância adotado foi de p≤0.05. Resultados: O primeiro estudo demonstrou que existem policiais com indicadores de obesidade e gordura abdominal em todas as idades, que a capacidade anaeróbica e a resistência muscular diminuem com o aumento da idade, enquanto que aos 40 anos de idade a capacidade aeróbica decresce de forma evidente, ocorrendo o mesmo com a força muscular. O segundo estudo demonstrou que na carreira dos policiais existem períodos específicos em que ocorrem alterações das capacidades da aptidão física, tendo em vista a manutenção da capacidade aeróbica até os 20 anos de carreira; declínio da capacidade anaeróbica em cada um dos seus períodos; declínio da resistência muscular entre 14-20 anos; diminuição da força muscular avaliada pelo teste de elevação de braços entre 6-13 anos de carreira seguido de aumento entre 14- 20 anos e manutenção até ≥ 21 anos de carreira; e declínio desta capacidade a partir dos 21 anos de carreira nos policiais submetidos ao teste de flexão de braços no solo. Relativamente ao desempenho operacional em simulação de confronto armado não existiram alterações significativas na carreira, e observaram-se apenas associações fracas com o desempenho no teste de flexão de braços no solo, demonstrando a inexistência de influência determinante das alterações das capacidades físicas avalidas. Conclusão: O perfil profissiográfico de policiais militares em simulação de confronto armado nos estágios da carreira não se altera pela diminuição da aptidão física decorrente do aumento da idade e do tempo de carreira.