Prevalência de infecções sexualmente transmissíveis em adolescentes assistidas em um ambulatório de planejamento familiar na Amazônia Ocidental

Abstract

A adolescência é compreendida pela OMS no período de vida entre os 10 e 19 anos de idade e sua alta complexidade está ligada ao surgimento de caracteres sexuais secundários, desenvolvimento de processos psicossociais e definição de padrões para a diferenciação da fase infantil e adulta. Além de ser uma fase de descobertas, é neste momento que indivíduos costumam buscar independência e maturidade social, refletidas principalmente por suas escolhas e atitudes. Dentre estas, destacam-se, ingestão de bebida e entorpecentes e o início da vida sexual. Globalmente, adolescentes e adultos jovens representam 25% da população sexualmente ativa e são também responsáveis por quase 50% de todas as IST recentemente adquiridas. As IST são um dos problemas de saúde pública mais comuns no mundo e estão diretamente relacionadas com a mortalidade materna e infantil. Além disso, estima-se 500 milhões de novos casos por infecções curáveis, a cada ano. Embora os números sejam alarmantes, atualmente vivemos uma escassez de dados e estudos epidemiológicos voltados para a compreensão das IST, principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil e em populações específicas, como as de adolescentes assistidas por serviços de planejamento familiar. Dito isto, o objetivo deste estudo foi compreender e analisar os comportamentos referentes à saúde sexual e reprodutiva de adolescentes em um ambulatório de planejamento familiar em Porto Velho (RO), bem como conhecer a prevalência das principais IST. Assim, 196 adolescentes entre 14 e 19 anos responderam ao questionário do estudo, passaram por avaliação clínica e foram submetidas ao exame ginecológico para a coleta de material biológico. Para a pesquisa de IST foi utilizado o Ruo Kit Multiplex IST 9-64 RX (Fast-Track) e para sífilis, HIV e hepatites virais B e C foram realizados testes rápidos cedidos pelo MS. Os resultados revelaram um perfil sociodemográfico de adolescentes mais velhas, sem trabalho formal ou estudantes, pardas, religiosas, com pelo menos um filho e a média da idade da sexarca do grupo foi de 16,2 anos (DP=1,6). As respostas indicaram elevado conhecimento e reconhecimento sobre HIV/AIDS por parte das adolescentes e quase nulo para clamídia e tricomonas. O questionário mostrou que a baixa frequência do uso de preservativos, relações com mais de um parceiro sexual, relações casuais, ingestão de bebidas alcoólicas e tabaco, e o pouco acesso aos exames ginecológicos. Os testes rápidos identificaram duas participantes com sífilis e as prevalências para infecções por clamídia e gonorreia foram bastante elevadas quando comparadas à literatura. A ausência de associação entre clamídia, gonorreia e sintomas ou queixas avaliadas reforça a necessidade de avaliar as pacientes além do exame clínico e aprimorar métodos de rastreio. Em conjunto, este estudo relata a importância de se ter dados epidemiológicos atualizados para compor e auxiliar em protocolos e programas de melhorias à população, bem como reforça a importância dos atendimentos realizados nos ambulatórios de planejamento familiar e outros programas promovidos pelo governo.