Lugares móveis, cartografias de si e de mundos e a invenção de heterotopias

Abstract

Esta pesquisa teórico-prática investiga as especificidades dos lugares como agentes propulsores na realização de trabalhos e em seus desdobramentos, os deslocamentos que ocorrem durante os processos artísticos, tanto por meio da tecnologia quanto pelos aspectos discursivos e narrativos em ressignificações do ambiente e de quem os habita. Ao se estabelecerem relações entre as grafias de si (subjetividade) e de mundos (“outres”), revelam-se estranhamentos, questionamentos de si e do que se vê, experimentam-se a alteridade e a possível construção de heterotopias ou lugares outros. Pretende-se abarcar como o trabalho poético, inserido num lugar específico, se articula e se define por meio de propriedades, como as de origem tecnológica, qualidades ou significados produzidos e relacionados entre um “objeto”, um “lugar” ou um “evento” e os deslocamentos que provoca. A metodologia engloba a apropriação do conceito de site specificity, em sua derivação functional site, em um entrelaçamento com a cartografia e considerações poéticas do acaso, utilizados nas ações que partem das especificidades e dos contextos dos lugares por meio do uso de tecnologias digitais. As contribuições teóricas de Miwon Kwon, Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault foram fundamentais na elaboração deste diálogo entre teoria e prática. A dissertação divide-se em quatro partes: a primeira apresenta uma breve contextualização histórica de site specificity e sua articulação metodológica com cartografia; a segunda aborda site specificity como lugar da subjetividade; a terceira, como espaço de invisibilidade, representada por corpos políticos na videoarte documental Transvoar, na videoperformance São Muitas Camadas e na videoarte O Paraíso É para Todos. Por fim, a quarta aborda site specificity como diálogo com a natureza e ciclos de vida e morte por meio do vídeo e animação Samsara e as séries fotográficas Ofertório e Bicho-corpo.