Tempo de espera : as vozes das pessoas usuárias da política de transplante no Brasil

Abstract

Esta dissertação teve como objeto conhecer como os/as usuários/as do Sistema Único de Saúde vivenciam o tratamento de transplante. O estudo foi estruturado com base no método dialético a fim de que o objeto pudesse ser percebido na totalidade, considerando as contradições e mediações. Este estudo se apoiou em pesquisa bibliográfica, documental e levantamento de dados de cinco prontuários sociais que contemplaram os transplantes de órgãos sólidos (coração, fígado e rim) realizados na instituição. Esses prontuários sociais dos/as usuários/usuárias foram preenchidos pela equipe de Serviço Social durante o processo de tratamento de transplantes, estando vinculado ao Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal. A análise do contexto político-econômico-ideológico capitalista permitiu observar que há um fortalecimento da ideologia da nova direita e o aprofundamento das contradições existentes para alcançar a concepção de saúde como direito no país. Ao considerarmos os aspectos da desigualdade social na sociedade, o acesso à Política Nacional de Transplantes se apresenta como um reflexo da fragmentação da Saúde no Brasil. A análise de pesquisa considerou ainda quatro categorias elencadas, sendo elas: equidade, acessibilidade, articulação interinstitucional na saúde e integralidade. São apresentadas diversas realidades das pessoas transplantadas e analisadas na perspectiva da garantia de acesso à Política de Saúde Pública no Brasil. Como resultado concluiu-se que as contradições determinadas pelo capitalismo sob hegemonia neoliberal e da nova direita impactam na garantia de uma política pública de proteção social que garanta a universalidade e equidade social na Política de Saúde no Brasil. Percebe-se o impacto especialmente na voz das/os usuárias/os que com um tempo de espera reduzido sentem impactando em suas vidas a diferença entre as concepções de saúde e a garantia dos direitos sociais.