O pensamento da elite liberal-conservadora em relação a Argentina peronista : o caso da imprensa carioca durante o governo Dutra

Abstract

Esta dissertação analisa as relações entre Brasil e Argentina, durante os governos de Eurico Gaspar Dutra e Juan Domingo Perón, ambos eleitos em seus respectivos países como parte de processos de redemocratização, a partir da perspectiva da imprensa conservadora carioca, entre 1946 e 1950. Recorrendo amplamente ao uso de fontes primárias, foi possível observar o retrato que os liberais-conservadores fizeram da Argentina peronista nesse período. O ano de 1946 é simbólico nos dois países sul-americanos, que viveram o desmonte de ditaduras, e para o contexto mundial do pós-Segunda Guerra, quando os Estados Unidos se firmaram como potência hegemônica e a Europa, destruída, abriu espaço para a bipolaridade. No Brasil, em 1945, Getúlio Vargas foi deposto e os brasileiros elegeram um de seus generais como presidente nas primeiras eleições livres desde 1930. Na Argentina, caiu a ditadura do GOU, no poder desde 1943, e Perón, eleito democraticamente em 1946, teceu as bases do peronismo e de sua ‘terceira via’, o justicialismo aplicado à política externa. As relações bilaterais entre Brasil e Argentina apresentaram, neste período, características de solidez, mantendo-se estáveis apesar das desavenças argentinas com a potência continental, os Estados Unidos, com quem o Brasil mantinha um alinhamento quase incondicional, onde os portenhos representaram a exceção.