Ao resgate da Brigada 2506 : a mediação secreta do governo João Goulart (1962) em favor dos prisioneiros da baía dos Porcos em Cuba no contexto das relações Brasil-Estados Unidos

Abstract

O presente trabalho tem por objetivo avaliar a atuação do governo brasileiro enquanto emissário informal dos Estados Unidos em suas relações conflituosas com Cuba nos limites da Revolução Cubana e da Guerra Fria. Neste particular, destaca os bons ofícios prestados pela administração de João Goulart, entre os meses de março e abril de 1962, a pedido do mandatário estadunidense John Kennedy, em favor da não execução dos membros da Brigada 2506 – um grupo de exilados cubanos detidos pelo governo revolucionário após a malograda invasão à Baía dos Porcos, ainda no ano anterior. Na ocasião, diante de iminentes repercussões negativas tanto em âmbito interno quanto externo, sendo, a exacerbação da opinião pública norte-americana em prol de iniciativas mais agressivas de Washington contra Havana e o consequente recrudescimento dos confrontos com Moscou em outras regiões da arena mundial, a Casa Branca mobilizara esforços para evitar o fuzilamento daquele contingente. Para tal, apelara ao Brasil, mantenedor de relações corretas, por assim dizer, com Cuba em razão da Política Externa Independente em curso e dos princípios que esta preconizava para a posição internacional do país. Neste sentido, esta dissertação propõe uma análise do episódio em questão, relacionando-o às proposições diplomáticas do Brasil para a Guerra Fria, para o conjunto de suas relações interestatais e, sobretudo, para o alcance de seus objetivos nacionais. Outrossim, também sugere o exame acerca dos efeitos de tal mediação para o estado das relações bilaterais com o governo dos Estados Unidos no contexto das divergências fomentadas pela política externa brasileira, em especial no tocante ao posicionamento diante da assim intitulada questão cubana.