Alterações clínicas e microbiológicas após o manejo da hipossalivação usando métodos de estimulação física em Diabetes Mellitus.

Abstract

A literatura já comprova que indivíduos portadores de Diabetes Mellitus (DM) apresentam disfunções das glândulas salivares. Acredita-se que o menor volume na produção salivar resulte em prejuízo local como no aumento da prevalência de cárie, menor capacidade de resposta imune à doença periodontal e as infecções por fungos. Também se espera prejuízos sistêmicos com a alteração na formação do bolo alimentar e processos digestivos, além de influenciar negativamente na qualidade de vida em relação a sensação de boca seca, engasgos frequentes, dificuldade de deglutição e necessidade de hidratação noturna. O objetivo dessa dissertação foi testar tratamentos não invasivos para manejo da hipossalivação associada ao DM, utilizando métodos físicos para estimulação salivar. Em nosso primeiro estudo exclusivamente clínico (capítulo 2), após cada sessão de TENS, os participantes relataram uma melhora na xerostomia. Embora tenha sido observado um leve aumento no fluxo salivar após cada sessão de estimulação TENS (aumento médio de 0,14±0,09 mL/min), esse incremento não se manteve ao longo das sessões (p>0,05). Nosso segundo trabalho (capítulo 3) apresentou a abundância relativa de microrganismos da saliva, nos níveis de filos e gêneros, antes e após a estimulação salivar por meio de diferentes tratamentos com estímulo físico. Firmicutes e Actinobacteriota foram os que apresentaram maior abundância relativa observada em todas as amostras, independentemente do tipo de tratamento. A diversidade alfa foi maior nas amostras após tratamento com laser, quando comparadas com as amostras de TENS, sugerindo um maior impacto no microbioma. Um possível efeito de lavagem foi observado, reduzindo os microrganismos em baixa abundância após tratamentos. Em conclusão, o manejo da hipossalivação associada ao DM por meio de métodos físicos (laser, TENS e a combinação de ambos) parece modificar de alguma forma o fluxo salivar e a melhorar a queixa de xerostomia. Há provável modulação microbiana com aumento da diversidade, particularmente após uso de laser. Contudo, novos estudos são necessários para confirmações da eficácia dos aparelhos físicos no tratamento das disfunções salivares.