O acolhimento parental e os processos de inclusão de crianças com deficiências no Programa de Educação Precoce : reflexões psicanalíticas

Abstract

A Educação Precoce é um programa educativo que recebe bebês e crianças de O (zero) a 4 (quatro) anos com deficiência e risco de desenvolvimento. A presente pesquisa busca refletir sobre o impacto dos diferentes acolhimentos parentais no processo de inclusão das crianças com deficiências. Discutiu-se também sobre a constituição subjetiva quando esta é permeada pela diferença por meio da teoria psicanalítica. A pesquisa foi realizada por meio de estudo de caso, com alunos participantes do programa de Educação Precoce, com o mesmo quadro sindrômico (Síndrome de Down) e estes foram acompanhados em seu último ano do Programa, culminando no processo de encaminhamento/inclusão para a educação infantil. A construção e análise dos dados levantaram questões referentes ao papel dos pais no processo de inclusão dos filhos, já que os pais podem estar narcisicamente feridos perante a condição real do seu filho com deficiência, necessitando da intervenção do Programa para o enfrentamento da questão da deficiência dos filhos. Concluiu-se que o processo inclusivo se mostra permeado pelo lugar simbólico a que essas crianças estão submetidas, somente fruindo efetivamente quando tratados plenamente como sujeitos. Vale dizer, quando há uma aposta e investimento nas suas potencialidades. Ademais, o presente estudo propõe também uma reflexão acerca da postura do professor da Educação Precoce enquanto professor “especialista” em deficiências, diagnósticos e prognósticos, incorrendo em certo grau de indiferença da singularidade de cada criança, bem como das particularidades das dinâmicas familiares.