A identidade étnica do povo indígena Palikur no currículo escolar na percepção dos professores no estado do Amapá

Abstract

Esta pesquisa apresenta como objeto de estudo a identidade étnica do povo indígena Palikur na percepção dos professores não indígenas desenvolvida no segundo segmento do ensino fundamental do Sistema de Organização Modular de Ensino Indígena (SOMEI) do Estado do Amapá. Está vinculada à linha de pesquisa Profissão Docente, Currículo e Avaliação (PDCA) do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília, e ao grupo de pesquisa “Currículo: Concepções Teóricas e Práticas Educativas”, coordenado pela Prof.ª Drª Lívia Freitas Fonseca Borges. A pesquisa qualitativa está estruturada a partir do método fenomenológico empírico (MFE) de pesquisa (GIORGI, 2008) e os dados pesquisados foram observados a partir da definição das categorias de análise apriorísticas e as demais categorias não apriorísticas, intermediárias e finais que surgiram do referencial teórico adotado na pesquisa e da investigação empírica através da análise de conteúdo (BARDIN, 2011). A pesquisa foi desenvolvida a partir da problemática: quais as práticas pedagógicas desenvolvidas no currículo escolar indígena do segundo segmento do ensino fundamental na percepção dos professores não-indígenas que fortalecem a identidade étnica do povo Palikur? As argumentações relacionadas ao questionamento foram enquadradas nas seguintes categorias teóricas desta pesquisa: identidade étnica, currículo escolar e práticas pedagógicas. O objetivo geral foi analisar as práticas pedagógicas sobre a identidade étnica do povo indígena Palikur no currículo escolar na percepção dos professores não-indígenas. O loci da pesquisa foram a unidade pedagógica do Núcleo de Educação Indígena (NEI) da Secretaria de Estado da Educação do Amapá (SEED), e a escola indígena estadual escolhida para observação da prática escolar dos professores não indígenas, localizada na aldeia Kumenê. Tendo como procedimentos/instrumentos de pesquisa: 1. entrevistas narrativas com 7 (sete) professores não indígenas; 2. observação direta; 3. estado do conhecimento/estudo bibliográfico na Biblioteca Digital Curt Nimuendaju; Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e na Plataforma Sucupira (CAPES), através dos periódicos a Revista Brasileira de Educação (RBE) da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (ANPED), a Revista Amazônida do PPGE da Universidade Federal do Amazonas (UFAM)e a Revista Currículo Sem Fronteiras. 4. análise documental da Resolução CNE/CBE N.º 05/2012 (BRASIL, 2012) e Referencial Curricular Amapaense (RCA) Resolução nº 15/2019, tais procedimentos e instrumentos analisados sob a égide do MFE demonstraram nos resultados da pesquisa, os entraves para a construção de uma educação indígena intercultural, tais como: a inexistência de uma proposta/matriz curricular das escolas indígenas que seja específica e comunitária; falta de recursos pedagógicos e materiais didáticos das disciplinas que contemplem a língua e cultura do povo indígena; não oferta de cursos de formação continuada multicultural aos professores da rede de ensino; falta de estrutura física, administrativa, recursos pedagógicos e profissionais da educação na referida escola pesquisada, o que limita todo o processo de ensino e aprendizagem no enfoque da interculturalidade.